Violência Espiritual: entenda o que é e saiba como identificar
Entenda o assunto que permeou a discussão esses dias nas redes sociais e saiba como denunciar.
Os últimos dias o assassinato da Pastora Sara Mariano pelo réu confesso do crime de assassinato, o então marido da vítima Ederlan Mariano, chocou a opinião pública em todas as esferas sociais e “levantou” a discussão sobre a necessidade de participação dos líderes religiosos no enfrentamento a violência contra mulher, além de conivência de ministérios evangélicos que não fazem uma devida triagem nos pregadores que utilizam os púlpitos de suas igrejas, visto que vídeos mostram o então suspeito de assassinato e réu confesso segundo o Tribunal de Justiça da Bahia, onde o processo transcorre seguindo os trâmites normais da lei.
Para Delegada de Polícia Luana Davinco, professora e formada em teologia, ” todos os crimes tem acontecido por conta de ensinamentos distorcidos vitimando mulheres como Sara Mariano, Maria Sônia, Zenaide Mendes, Marta Kunzler. Aos longos dos meus anos de atuação como delegada, nunca recebi nenhuma vítima de violência doméstica vindo denunciar amparada pelos irmãos. A violência espiritual é o uso covarde da fé que é manipulada para incentivar, neutralizar a violência contra as mulheres. Ao procurar o chamado aconselhamento pastoral as mulheres recebem tudo, menos o devido aconselhamento. Passou da hora de responsabilizar esses religiosos… ”
Ainda segundo a Delegada, eu vejo o abuso religioso para culpar satanás, o inimigo, o diabo e até acusam às próprias vítimas de falta de fé, oração e jejum. Em nome da fé orientam às mulheres a não denunciarem, não atribuindo a culpa ao verdadeiro culpado… Para todos os lados tem distorções bíblicas. Desprotegem mulheres usando a bíblia… São os defensores da vida sendo coveiros da morte. De acordo com a lei Maria da Penha, quem negligencia, justifica ou silencia a violência contra uma mulher dentro da sua igreja, assume o risco e é responssável pela vida desta mulher também.” Veja vídeo completo no link a seguir e entenda o que diz a lei:
https://www.instagram.com/reel/CzKyxULNx98/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==
A frente da Igreja Batista Agape, em Amaralina, na capital baiana, o jornalista da Rádio Sociedade da Bahia Rogério Alves, utilizou seu perfil no instagram e a revista Catu Acontece repostou, para alertar sobre o cuidado necessário que os líderes devem ter, na hora de ceder o púlpito de seus ministérios para pregadores ministrarem os membros (pessoas), sem conhecer devidamente a vida destes pregadores.
Os escândalos envolvendo o casal Sara Mariano e Ederlan Mariano é um sinal de alerta para que as igrejas estejam atentas para não abrirem as portas para desconhecidos. Na opinião do pastor Rogério:
“Se não fosse o caso do feminicídio da esposa que, consequentemente, resultou na sua prisão, Ederlan continuaria pregando e passando a imagem de cidadão de bem, defensor dos valores da família. Por outro lado, Sara, envolvida em escândalo de traição, estaria acima de qualquer suspeita cantando e profetizando.” Destaca o líder da igreja Batista Agape.
Em 31 de outubro de 2023, comemorou-se os 506 anos da Reforma Protestante. O líder evangélico destacou: ” É preciso tocar nesse assunto chato e polêmico, mas necessário. Acredito que nós, pastores e pastoras evangélicos não podemos nos calar diante de casos como esse, como se nada estivesse acontecendo. O espetáculo precisa acabar. Sejamos prudentes ao abrir o altar de nossas igrejas e ceder espaço de fala para esses lobos em pele de ovelhas.” Veja o vídeo no link a seguir:
https://www.instagram.com/reel/CzFAnZAPsEm/?igshid=MTc4MmM1YmI2Ng==
“A vida de um pregador deve falar mais alto que a sua voz. Sua conduta deve ser mais eloquente que suas palavras. São por esses casos que o seguimento evangélico está sendo escandalizado. Muitos ficam apontando o dedo para os de fora e fecham os olhos para os lobos que estão dentro. E assim monstros como Ederlan e Flordelis só são descobertos quando a bomba estoura. O seguimento evangélico precisa voltar urgentemente a trilhar o caminho bíblico; o caminho das Escrituras.” Destacou Pastor Rogério.
Em caso de violência contra a mulher, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 180 e denuncie. Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares. É possível realizar denúncias pelo número 180 — a Central de Atendimento à Mulher, que funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número no número (61) 99656-5008.
A denúncia também pode ser feita pelo Disque 100, que apura violações aos direitos humanos. Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e a página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses. Caso esteja se sentindo em risco, a vítima pode solicitar uma medida protetiva de urgência.