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Tenente-coronel Roseli é a primeira mulher a comandar um batalhão na história da PMBA

Mulher, preta e chefe da maior unidade policial responsável pelo combate a violência contra a mulher no estado da Bahia. Essa é a definição da tenente-coronel Roseli de Santana Ramos, 51 anos, primeira policial militar da história da corporação a comandar um batalhão.

A oficial passa a representar o Batalhão de Policiamento de Proteção à Mulher (BPPM), criado a partir da reorganização de estruturas e modernização de divisões realizada pelo Governo do Estado, em maio deste ano. A unidade surgiu com o objetivo de centralizar a gestão e ampliar a atuação da Operação Ronda Maria da Penha (ORMP), lançada em 2015, com o objetivo de promover a segurança da mulher e mantê-la fora do ciclo de violência.

“Pra mim é um sentimento enorme de gratidão a Deus por me proporcionar essa vitória, pois não é uma conquista só minha e sim de todas as policiais femininas que integram a PM da Bahia”, disse.

Formada em Química pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e fluente na língua italiana, a PM ingressou na instituição no ano de 1992 e, ao longo da carreira, já foi professora de química e comandante do corpo discente do Colégio da Polícia Militar (CPM) Dendezeiros, ajudante de ordem do governador Jaques Wagner e da ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA), Maria do Socorro Barreto Santiago e integrante da Superintendência de Gestão Integrado da Ação Policial (Siap) da SSP.

Em unidades ostensivas, a policial foi chefe da Seção de Inteligência do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoq). Também foi a primeira oficial feminina a integrar um batalhão operacional no estado, o 6º BPM, atual Comando de Policiamento Regional da Capital (CPR-C) Atlântico.

Dados divulgados pelo IBGE no censo de 2019, destacam a Bahia como 9ª colocada na lista dos estados brasileiros com menor participação de mulheres em cargos de gerência “Chefia”, e mais baixa do Nordeste. Com relação a ocupação de postos de trabalho em geral, a presença feminina também é menor do que a masculina na Bahia. Em 2019 as mulheres, ocupavam 43,0% dos cerca de 5,8 milhões de postos de trabalho. Ainda segundo a matéria do G1.

Mesmo entre as mulheres, contudo, há uma desigualdade significativa nesse indicador, que coloca aquelas declaradas pretas ou pardas com as maiores taxas de desocupação em todos o estados brasileiros. Na Bahia, em 2019, a taxa de desocupação das mulheres brancas ficou em 15,9%, frente a 20,4% entre as mulheres pardas ou pretas – ou seja 1 em cada 5 mulheres pretas ou pardas que estavam na força de trabalho estavam procurando uma ocupação e não encontravam.

A taxa de desocupação das mulheres pretas ou pardas na Bahia (20,4%) era maior que a verificada no Brasil como um todo (16,8% frente a 11,0% entre as mulheres brancas)e a 4ª maior entre os estados, abaixo do Rio de Janeiro (21,5%), Amapá (20,9%) e Sergipe (20,7%).

Já a diferença em relação à taxa das mulheres brancas no estado (4,5 pontos percentuais), embora bastante significativa, era menor que a do país como um todo (mais 5,8 pontos percentuais na desocupação de mulheres pretas ou pardas) e apenas a 16a entre as 27 unidades da Federação, num ranking liderado por Sergipe (7,8 pontos percentuais), Rio Grande do Norte (7,4 pontos percentuais) e Mato Grosso (7,4 pontos percentuais).

O IBGE destacou que o maior envolvimento das mulheres em tarefas não remuneradas, ou seja, nos afazeres domésticos, é um dos fatores que explicam a menor participação das mulheres no mercado de trabalho.

Veja matéria:https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2021/03/04/pesquisa-do-ibge-aponta-que-em-2019-mulheres-ocupavam-pouco-mais-de-13-dos-cargos-de-chefias-na-bahia.ghtml

Tenente – Coronel Roseli

Desafios da nova Tenente-Coronel

Enfrentando preconceitos por ser mulher logo no início da carreira, a oficial não esconde a ansiedade em encarar os novos desafios que enfrentará no BPPM.

“As pessoas não imaginam a satisfação que é ter passado por todas essas discriminações apenas por ser mulher e, hoje, poder ocupar o posto onde estou. Agora, os desafios são maiores e continuamos com a rede de apoio para garantir que todas as mulheres continuem seguras”, detalhou.

A tenente-coronel Roseli é especialista em resgate a vítimas de acidentes de trânsito, enfrentamento ao tráfico de pessoas, na área de atendimento às mulheres em situação de violência, entre outras.

Vida pessoal

Apaixonada pelo trabalho, a tenente-coronel divide a vida de policial com a Roseli mãe de João Victor, de 14 anos. Mãe de coração de duas outras enteadas e casada há 16 anos, a policial não escondeu a felicidade em saber do orgulho da família.

“João está super orgulhoso e me pergunta toda hora como é esse novo serviço e quer entender tudo sobre a nova patente. Estou extremamente feliz e orgulhosa de todo o caminho até aqui”, concluiu a oficial.

***Matéria com Informações da Ascom Gov Bahia e G1.

Redação