Política

Temer na cadeia: a resposta da Lava Jato

Nocauteada pela decisão do STF, Lava Jato sai das cordas com a prisão de Temer. Reação popular demonstra que a população não quer que haja espaço para retrocessos

Nas últimas semanas a operação Lava Jato se viu acuada. O julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), passou a permitir que a Justiça Eleitoral julgue os crimes de Caixa 2 e Corrupção, colocou em xeque a continuidade da operação, que já levou para cadeia políticos e empresários. O movimento realizado pela Lava Jato demonstra que a batalha pela supremacia jurídica ainda vai longe.

Sérgio Bretas, juiz responsável pelos processos da Lava Jato no Rio de Janeiro, decretou a prisão de Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco. A ação da manhã da última quinta-feira ( 21), provocou uma reviravolta em um cenário que em tudo parecia favorecer aos que devem satisfação à justiça. Bretas, também lembrou em sua decisão,“não há elementos que indiquem a existência de crimes eleitorais; razão pela qual deve ser reafirmada a competência constitucional desta Justiça Federal”. Ainda segundo o juiz, essa competência “já foi expressamente” reconhecida pelo STF, em decisão da lavra de Luís Roberto Barroso, “já que a hipótese é apenas de crime comum”.

A decisão caiu como uma bomba em Brasília. Enquanto corriam nos veículos de comunicação as cenas da prisão do ex-presidente, vários parlamentares do MDB trocavam telefonemas entre si na tentativa de antecipar se haveria ou não mais prisões ou conduções coercitivas. O Senador baiano Jaques Wagner – PT, apresou-se em declarar para a imprensa que “se preocupa com a caça às bruxas”. O fato é que, de uma tacada só, a cúpula da Lava Jato retomou o protagonismo que estava embaçado pela ressente ação do STF.

Nas redes sociais, a repercussão foi instantânea. Partidários de Lula, tentaram emplacar um #faltabolsonaro, mas o impacto principal veio o desmanche da narrativa, que dava conta de que apenas partidários de esquerda eram alcançados pelas ações da Lava Jato. Nas buscas e referências do Google, Twitter e Facebook, os termos Lava Jato, Michel Temer e Bretas, tiveram altas consideráveis em pesquisas e citações. Superando temas que até então dominavam as discussões na rede mundial de computadores.

Os bastidores da notícia

Nas redações e nos grupos de whatsapp frequentados por jornalistas, a impressão corrente é de que a prisão de Temer e Moreira Franco, cumpriu a função de criar um cenário de necessidade da continuidade da operação Lava Jato. Acendeu na opinião pública o alerta de que setores políticos nacionais, tentam a todo custo brecar a atuação dos procuradores. A tentativa visaria proteger nomes do alto clero da política nacional, implicados em delações premiadas e em investigações realizadas ao longo da atuação do grupo de procuradores.

Mais do que uma simples prisão de rotina, a detenção de Temer fortaleceu a narrativa de que a Lava Jato, é o remédio contra a corrupção e, ao mesmo tempo, colocou toda sociedade – ou grande parte dela – contra às ações, que tentam obstar o avanço das investigações ou a execução das penas.

Outro efeito colateral da decisão de Bretas abateu-se sobre o  Senado Federal que, ontem recebeu um pedido de abertura de CPI que, em tese, poderia acertar em cheio vários ministros do STF. O requerimento encaminhado à Mesa Diretora da Casa, causou desconforto ao presidente, Senador Davi Alcolumbre. Com a prisão de Temer e a crescente adesão da população à ideia de que o STF é um empecilho ao avanço das averiguações, Alcolumbre passou a ter um pepino nas mãos. Se der prosseguimento ao pedido de CPI, exporá o Supremo Tribunal a um constrangimento enorme. Se preferir arquivar, passará a fazer parte do roll dos que tentam prejudicar a marcha justiceira da Lava Jato.

Uma coisa é certa, os brasileiros não aceitam mais a inércia. Exigem movimento e ação. A prisão de Temer e Moreira Franco, destruíram, narrativas e reforçaram no cidadão comum, a ideia de que é possível ver e ter justiça em todos os níveis sociais. As tentativas de frear a Lava Jato, serviram como vacinas. Em um primeiro momento debilitam o organismo e, posteriormente, o fortalecem contra as doenças e como a corrupção.

Texto do Jornalista Político Graduado Jorge Andrade,
Mestre, Apresentador do programa ‘Bom Dia com Jorge Andrade’ na Ouro Negro FM-Catu
Redação