Economia

Perspectiva de crescimento econômico baixo e números de dependentes do auxilio Brasil em alta junto com a informalidade, marcam a economia baiana atualmente

Às vésperas do dia das mães, o comércio tem dados preocupantes em relação a economia baiana, numa das datas mais importantes para o comércio no primeiro semestre, o Dia das Mães, não deve gerar resultados tão positivos para este ano, quem está empregado, o baiano teve queda no rendimento médio de 12,4%, entre 2020 e 2021, o mais baixo em nove anos — em valores absolutos, R$ 1.661.e a Bahia ainda tem mais dependentes do auxílio Brasil do que trabalhadores com carteira assinada.

Segundo a projeção da Fecomércio-BA, as vendas em maio devem cair 15% ante o mesmo mês do ano passado, chegando ao faturamento de R$ 8,9 bilhões.

Ainda para o Fecomércio-BA, entretanto, é relevante pontuar que a base de comparação será bastante elevada. Em maio de 2021, o comércio reagiu e cresceu 57,3%. E comparando com período anterior a pandemia, o saldo ainda é negativo de 8,5%. (Via Bahia.Ba)

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Outro dado preocupante segundo dados do IBGE, divulgado no final de abril, é que o número de pessoas que recebem o programa Auxílio Brasil na Bahia ultrapassa e o de pessoas que trabalham com a carteira assinada. O estado faz parte de um grupo com outros 12 nessa situação, todos nas regiões norte e nordeste do país.

O número supera em quase 400 mil pessoas. São mais de 2,2 milhões beneficiários do Auxílio Brasil, o antigo Bolsa Família. Já o de trabalhadores formais não chega a 2 milhões.

Entre os estados nordestinos, apenas o Rio Grande do Norte escapa por pouco dessa realidade estado, por mês, o montante pago com o Auxílio Brasil chega perto de R$ 1 bilhão. E, cada beneficiário recebe em média R$ 408.

Já a supervisora de informação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mariana Viveiros, acredita que a informalidade e o desemprego ajudam a entender esse quadro. Veja vídeo no instagram da Revista Catu Acontece, clica aí no link: https://www.instagram.com/reel/CdPImg hOpcN/?igshid=YmMyMTA2M2Y=

EMPREGABILIDADE

Quem busca recolocação, encontra dificuldades já que a taxa de desocupação é de 19,5%, a segunda mais alta do país, atrás apenas de Pernambuco (com 19,9%). Esses são os dados mais recentes para a Bahia da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), do IBGE.

A população desocupada é aquela que procurou trabalho e poderia ter assumido caso tivesse encontrado. Cerca de 1.348 milhão de pessoas estão nessa condição na Bahia. 

INFORMAIS

Em busca do emprego formal, Deiverson atualmente está na fatia da maior parte da população ocupada: os informais. Este grupo passou a representar, ano passado, 54,9% dos trabalhadores baianos, cerca de 3.067 milhões de pessoas. É a maior taxa de informalidade desde 2016, quando o indicador passou a ser calculado, e a 5ª mais elevada dentre os 26 estados e o Distrito Federal, segundo a Pnadc.

São considerados informais os empregados no setor privado e domésticos que não têm carteira assinada, os trabalhadores por conta própria ou empregadores sem CNPJ e as pessoas que trabalham como auxiliares em algum negócio familiar. 

Segundo a supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros, a informalidade é uma característica marcante do mercado de trabalho e da economia baiana. “A Bahia tem um mercado de trabalho que não consegue gerar vagas que possam, de fato, atender a demanda. Por outro lado, quando se tem o trabalho, é com muita gente na informalidade”, explica.
Mariana lembra que o mercado de trabalho no estado sentiu os efeitos mais fortes da pandemia exatamente pela característica da informalidade. “O trabalho informal é mais vulnerável a todas mudanças econômicas e sociais”, explica.

A taxa de desocupação na Bahia diminuiu em 2021 com o arrefecimento da pandemia, mas o número de pessoas trabalhando (5.587 milhões), ainda está abaixo do pré-pandemia (5.838 milhões, em 2019).

AUXÍLIO VENCE CARTEIRA

Ainda abordando a questão da informalidade e desocupação, um cruzamento de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) com o Ministério da Cidadania, mostra o perfil do mercado de trabalho brasileiro. Em 12 dos estados, o número de beneficiários do Auxílio Brasil, antigo Bolsa Família, é superior ao de trabalhadores com carteira assinada. Todos eles são das regiões Norte e Nordeste.

Na Bahia, 1,8 milhão de pessoas têm emprego com carteira assinada, enquanto 2,2 milhões são beneficiárias do Auxílio Brasil. Para a coordenadora do do grupo de pesquisa em economia do trabalho da Ufba, Diana Gonzaga, este dado reflete um ciclo de pobreza e vulnerabilidade difícil de romper.

“Se não consegue inserir as pessoas no mercado de trabalho para elas terem uma renda, não consegue dinamizar a economia. É algo extremamente prejudicial para o estado, porque não consegue gerar estímulo para as empresas investirem e gerar emprego”, explica.

A pesquisadora lembra que historicamente a Bahia disputa a liderança no ranking do desemprego com outros estados do Nordeste. Isso mostra uma questão estrutural desta região do país. “A falta de oportunidade no mercado formal tem a ver com as desigualdades regionais, com a distribuição das atividades produtivas. Cerca de 70% dos empregos e estabelecimentos formais estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste”, afirma.

Para enfrentar o problema do desemprego na Bahia e em outros estados nordestinos, Diana Gonzaga explica que é preciso tornar a região mais atrativa para as empresas. “É necessário investir em infraestrutura energética, estradas, políticas educacionais, um conjunto de políticas que façam com que essas regiões sejam mais atrativas”, destaca.
Além dos fatores citados, a pesquisadora ressalta que os governantes precisam pensar nas potencialidades regionais. “O turismo, por exemplo, é uma atividade que o Nordeste é altamente competitivo”, afirma.

OTIMISMO PARA 2022

O pesquisador Fernando de Holanda Barbosa Filho aponta um cenário otimista para 2022, com a geração de mais postos de trabalho, com a proximidade do fim da pandemia. Um destes segmentos é o de serviços, um dos mais afetados com as paralisações provocadas pela crise sanitária.

“Só o crescimento econômico gera emprego. Não tem atalho. São diversas ações que devem ser feitas ao mesmo tempo, a exemplo da qualificação profissional, sustentabilidade da dívida pública do ponto de vista macroeconômico. Sem isso, não tem investimento e crescimento econômico. É um conjunto de medidas que lá na frente vai melhorar o mercado de trabalho”, avalia. (Via Metro 1)

Foto Capa: Tony Winston/Agência Brasília

*Reedição da Matéria é da Jornalista Donaire Lago