Patrícia Narriman: a jornalista que entrou nos lares baianos e impõe respeito por onde passa
Mulher, negra e uma comunicadora respeitada. Patrícia Narriman conta como construiu sua carreira no jornalismo baiano, vencendo o preconceito de cor e gênero que ainda existe em todas as profissões, se tornando uma referência no mercado da comunicação
Atualmente, as mulheres estão conquistando seu espaço e isso é notável pelos cargos de alta patente ocupados, suas posições dominantes e sua voz de comando para chefiar o lar, tem ecoado também de forma intensa em todas as áreas profissionais.
Uma sondagem feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizada com base nos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (Pnad), mostrou que o número de lares brasileiros chefiados por mulheres saltou de 23% para 40% entre 1995 e 2015. As informações foram obtidas pela pesquisa Retratos das Desigualdades de Gênero e Raça.
A ocupação da população negra ainda é um processo de integração lento. Segundo dados, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a Bahia, 4.867.750 negros ocupavam cargos, em 2017; sendo que último dado nacional de 2016, apenas 262.000 pessoas negras ocupavam cargos gerenciais.
Esses dados revelam um aumento significativo da presença feminina no comando de atividades, antes dominada por homens. Um exemplo de mulher que estar à frente do seu próprio tempo, é o da jornalista soteropolitana Patrícia Narriman (40). Desde cedo, a comunicadora já sabia o que queria, quando entrou no mundo da informação aos 16 anos.
Nascida e criada no bairro da Pituba, Salvador-Ba, a comunicadora é filha do representante comercial, José Welington Abreu de Lima (in memorian) e da funcionária pública federal, Margarida Maria de Oliveira, e mãe do ‘pequeno’ Pedro Henrique. Uma das lembranças mais fortes da sua vida, foi o presente que ganhou do seu Pai, que deu-lhe aos oito anos, um microfone e uma caixa amplificadora, momento inesquecível para ela.
Como toda batalhadora, o que não falta na vida dessa mulher, é conhecimento e experiência. Patrícia tem passagem por respeitados veículos de comunicação como; Rádio A tarde FM, TV Bandeirantes, TVE, TV Aratu, Rádio Itaparica FM, Rádio FM 104, entre outros. Atualmente na Rádio Metrópole, apresenta o programa Metrópole Autos, nas manhãs de sábado, fala sobre carros, e é líder de audiência no horário.
O fôlego da comunicadora se desdobrou ao longo dos anos, entre apresentação, edição, reportagem e assessoria. O seu primeiro trabalho na área foi apresentar shows em Salvador ao lado do radialista Urias Nery. Mas, teve destaque como apresentadora do TVE Noticias durante 5 anos e como âncora durante 7 anos do Assembleia Notícias (Canal Assembleia).
Dona de um sorriso largo e uma humor extrovertido, Patrícia, como toda mulher, ressalta que, “sabemos o papel importantíssimo que desempenhamos na sociedade. Seja como mãe, profissional, dona de casa, chefe de família, esse ‘lance’ de querer mulher só à beira de um fogão, não passa de um machismo de gente que tem medo da força e relevância feminina em todas as áreas da vida.” Pontua a baiana.
O machismo ainda é algo comum na sociedade. Entretanto, a jornalista e radialista reitera, que a prática também é feita por mulheres, “não é só o homem que insiste nesse retrocesso, muitas ainda pensam assim. Talvez, a educação tida em que só o homem teria vez e voz, faz da mulher ainda um ser submisso. Devemos nos sobrepor, nos respeitar para exigir o respeito que temos direito. ” Pontua.
Como a canção “Mulher (sexo frágil) ” do cantor Erasmo Carlos, é uma mentira absurda, classificar as donas do lar como uma fragilidade. São inúmeras as atividades realizadas pelas guerreiras que, seja em sol ou chuva, vai à luta para sobreviver. Para Patrícia, a mulher é uma máquina, “a rotina é puxada. Sou chefe de casa há onze anos e minha rotina é tripla. É trabalho, academia, levar o filho a escola, fazer comida, ir ao curso, ir ao mercado, lavar o carro. Esse, aliás, é o único momento que penso na falta que um homem faz (risos). ” Brinca.
Como toda brasileira, a educação veio do berço e na sua construção como cidadã, ela descreve que se manter conectada com positividade, é o que a faz se sentir determinada, “gente com índole e bons pensamentos, não tem preço. Então, evito dar ibope para murmurações e pessimismo. Crio meu filho mostrando que as coisas grandes da vida, estão em atitudes simples. O que falta hoje é simplicidade, sinceridade e amizade.”
Com talento e um currículo extenso, a jornalista afirma que é chefiada por homens, e que um dos segredos que a consagrou, foi mostrar trabalho e eficiência, “sempre gostei de trabalhar e ser pontual, essa talvez seja a melhor resposta para meus superiores. Sempre fui amiga deles. Já passei por dificuldades, mas sempre me mantive de pé, afinal esse é o suplemento que me firma.” Comenta.
Convicta de suas ações, Patrícia Narriman dá um recado as mulheres que são vítimas de preconceito e se submetem ao machismo, “é preciso manter nossa dignidade. Igualdade é um bem comum a todos. Não devemos nos permitir sair por baixo. As pessoas precisam parar de ‘deixar para lá’, pois se continuar assim, essas dificuldades persistirão, e essa cultura nunca terá fim. ” Finaliza.
Fotos Arquivo Pessoal Patrícia Narriman
Parabéns pela matéria. Patrícia Narriman é uma jornalista que transmite a notícia de uma maneira clara e leve, sou fã do trabalho dela!