“Não há como voltar atrás”, diz presidente do GGB sobre avanços no dia de combate à homofobia
Nessa segunda-feira(17), comemorou-se dia Internacional de Combate a Homofobia. Nesta data no ano de 1990, a luta da população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) dava um passo importante com o fim da classificação da homossexualidade como doença, segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde. Tal ação foi realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde então, a data relembra o mundo inteiro sobre o Dia Internacional do Combate à Homofobia, remetendo todos à luta contra o preconceito e a violência e pela garantia dos direitos humanos e diversidade sexual.
Neste dia, a principal missão é a conscientização de sociedades ainda intolerantes, preconceituosas e negligentes. Assim, diante do desafio de produzir reflexões e conhecimento a respeito desse tema, o Observatório da Saúde LGBT, tem acompanhado a implementação da Política Nacional de Saúde Integral LGBT no âmbito do SUS e colaborado com a disseminação de informações de qualidade, focadas na promoção e fortalecimento das políticas públicas, atuando no campo da comunicação científica, comunicação comunitária e comunicação para tomada de decisão. .
A violência
No Brasil, o crescente número de crimes contra LGBTs nos últimos anos mostra a necessidade de se fortalecer a luta contra a violência. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2016, 343 pessoas LGBTs foram assassinadas no país. O estudo coloca o Brasil como campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais, constatando uma morte a cada 25 horas.
No levantamento anual de 2016, o antropólogo Luiz Mott, fundador e presidente de honra do GGB, relaciona os crescentes números de assassinatos dessa população à ausência de estatísticas governamentais sobre crimes de ódio. Assim, esses números são sempre subnotificados, já que nosso banco de dados se baseia em notícias publicadas na mídia, internet e informações pessoais. “A falta de estatísticas oficiais, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, é prova da incompetência e homofobia governamental.”
Na data escolhida como Dia do Combate à Homofobia, o presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB) afirma que o caminho para assegurar direitos à população LGBT é um caminho longo, mas necessário. “Faz 30 anos desde que a OMS retirou o status de transtorno da homossexualidade e passou a considerá-la uma orientação sexual natural e saudável. E desde lá tem sido um caminho muito longo. Não há como voltar atrás”, diz Marcelo Cerqueira.
Para o presidente, que também é coordenador do Centro de Referência LGBT em Salvador, órgão ligado à prefeitura, que atua há cinco anos, com a orientação e atendimento à população LGBT, a maior conquista no que diz respeito à garantia de direitos está no reconhecimento da legalidade da união homoafetiva. “O casamento reconhecido facilita muitas coisas. Hoje se eu decido ir ao fórum com meu companheiro eu saio casado como qualquer casal, com regime de bens decidido. Antes, quando um casal se separava precisava ir pra justiça e fingir que tinham uma empresa juntos, como sócios, pra poder dividir os bens. Era o jeito que se dava, a saída jurídica que encontravam. Agora, com o reconhecimento, fica tudo mais fácil. Até a adoção, a realização de inseminação artificial e reconhecimento legal de dois pais ou mães”, acredita. O reconhecimento completou 10 anos no último dia 5.
Cerqueira acredita que, além da orientação, é preciso educar toda a população. “Muitas vezes o que existe é a falta de informação ou porque a pessoa não acha relevante, não têm tempo, interesse. Mas é preciso educar para que cada vez mais as pessoas criem empatia. Todos temos preconceitos, mas que se guarde seu preconceito para si”, afirma.
Nas redes sociais da Revista Eletrônica, tem um vídeo elaborado pelo parceiro do veículo Renan Nunes, em que ele trouxe a reflexão sobre a importância da data para toda sociedade. Clica aí no link:
https://www.instagram.com/p/CO_xbZDHVUQ/

Fonte: NESP-Núcleo de Estudos Em Saúde Pública e Metro 1