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Mancha de óleo encontrada no litoral baiano alcança nove estados do Nordeste, e a PMSJ intensifica as ações de limpeza

Operação para identificar a origem do vazamento mobiliza 1.500 militares, cinco navios, uma aeronave e diversas embarcações e viaturas de delegacias e capitanias dos portos.

O primeiro sinal do petróleo derramado foi registrado em três praias do litoral paraibano, no dia 30 de agosto. Nos 40 dias seguintes, o vazamento se espalhou por 63 cidades nos 9 Estados do Nordeste. Doze tartarugas marinhas morreram e mais de 130 toneladas do óleo cru foram recolhidas das praias no episódio que já é considerado o maior desastre ambiental do país em extensão territorial.

A investigação da origem do óleo está sendo conduzida pela Marinha, e a investigação criminal é alvo da Polícia Federal. Tudo feito com apoio da Petrobras. Uma série de hipóteses foi levantada por autoridades, especialistas e ativistas, sendo as principais delas: limpeza ilegal de navio, naufrágio, vazamento acidental e ação criminosa.

Chega a 14 o número de praias contaminadas no estado, em 6 cidades. São elas:

  • Guarajuba, Itacimirim e Arembepe (Camaçari)
  • Mangue seco e Coqueiro (Jandaíra)
  • Barra da Siribinha , Barra do Itariri , Sítio do Conde e Poças (Conde)
  • Baixio e Mamucabo (Esplanada)
  • Subaúma e Porto do Sauipe (Entre Rios)
  • Praia do Forte (Mata de São João)


Onde foi produzido o petróleo derramado?

Primeiro, é preciso definir a composição do material encontrado. Um dos indicadores é o chamado grau API, escala criada pelo Instituto Americano de Petróleo para medir a densidade relativa de líquidos derivados do petróleo em relação à água. Quanto menor o nível, mais denso e menos valioso ele é.

Abaixo de 10, a exemplo do betume, afundaria no mar. Acima de 30 são os considerados leves, como o pré-sal da Bacia de Santos (31), que correspondem a quase um terço da produção brasileira.Além disso, à medida que o óleo passa tempo no mar, sua densidade vai aumentando.

Nesta quarta-feira (9), autoridades brasileiras afirmaram à imprensa que as análises dos perfis químicos das amostras coletadas são compatíveis com características do petróleo produzido na Venezuela, um tipo mais pesado.

A investigação sobre a bandeira da embarcação (em que país está registrada) faz parte de outra etapa.Também não foi possível determinar, por ora, há quanto tempo o óleo foi extraído.

Qual é a origem do derramamento?

A investigação sobre quando e onde começou o incidente passa principalmente pela combinação de cinco elementos: densidade do óleo, datas de avistamento nas praias, correntes marinhas do oceano Atlântico, direção e intensidade dos ventos e rotas das embarcações.

O cronograma da chegada do petróleo às praias do Nordeste dá pistas importantes sobre o marco zero do vazamento, que pode variar em estimativas de especialistas de 40 a centenas de quilômetros da costa de Pernambuco e da Paraíba. Parte das cidades atingidas continua recebendo o material.

Segundo autoridades envolvidas com a investigação, a mancha avança aproximadamente 10 centímetros por segundo, em média.

O que pode acontecer quando os responsáveis forem identificados?

A doutora em planejamento ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Cristiane Jaccoud afirmou que uma série de variáveis devem ser analisadas para saber quais mecanismos jurídicos deverão ser acionados, antes de aplicar qualquer tipo de punição.

“Enquanto a gente não consegue identificar a causa desse problema, a gente fica travado. Se foi algo causado por um navio estrangeiro, será aplicada a regra internacional. O responsável pelo navio é responsável pelo dano e deve pagar por ele. Enquanto isso, é necessário destinar todos os esforços e estrutura para a contingência e evitar maiores danos”, afirmou.

Manchas chegam ao litoral de Mata de São João

A Prefeitura de Mata de São João criou planos de ação para minimizar os impactos ambientais causados pelas manchas de óleo que atingem trechos dos seus 28 quilômetros de costa. A gestão municipal mobilizou as secretarias de Planejamento e Meio Ambiente, de Cultura e Turismo e de Obras e definiu estratégias para limpeza das praias, para o monitoramento das informações e para os diálogos com as comunidades e com os órgãos federais e estaduais competentes.

Em Praia do Forte, em Imbassaí, no Santo Antônio e em Sauípe, locais onde foram encontradas manchas de óleo ao longo das praias, é possível ver servidores da Prefeitura, moradores, voluntários e funcionários de hotéis e de condomínios coletarem materiais em sacos plásticos. Todos os resorts da região mobilizaram suas equipes para a limpeza de praias.  

As ações têm garantido que o acidente ambiental não prejudique o banho de mar e nem o lazer nos trecho do Litoral matense. Em praias com o Lorde, o Portinho e a Praia do Tivoli, na Praia do Forte, o fluxo de turistas, o banho de mar e as práticas do surfe e da pesca acontecem de forma normal. Porém percebe-se a preocupação natural dos banhistas com o contato com as manchas de óleo nas areias.

Plano de ação

 Na manhã de hoje (10) o secretário de planejamento e Meio Ambiente Paulo Meireles, o sub-prefeito Hélio Vianna e técnicos do municípios estiveram reunidos com a coordenadora de Eventos Especiais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ana Cacilda Reis, com representantes do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e com moradores e empresários locais, para discutirem estratégias de limpeza e outras medidas para minimizar os impactos do acidente.

Redação