Comportamento

Mais mortal que a Covid-19; fome mata milhares de brasileiros

Dados de institutos oficiais apontam que, em meio a pandemia de Coronavírus, número de mortes por causas relacionadas à fome vem aumentando. Medidas como Lockdown aceleram falências e aumentam a taxa de desemprego, sem demonstrar-se efetivas contra na contenção do contágio

Entre 2008 e 2017, dados do Datasus apontara que o Brasil registrou 63.712 óbitos por complicações decorrentes da desnutrição. Isso representou uma média de 6.371 mortes por ano e 17 mortes por dia. Atualmente, as mesmas bases de pesquisa apontam que somente nos três primeiro mês de 2021, 8851 pessoas morreram de problemas decorrentes da falta de nutrição adequada. Ou seja, morreram de fome.

No estudo intitulado “ O Vírus da Fome: como o Coronavírus está aumentando a fome em um mundo faminto”, há a demonstração de que, muito embora pandemias como a do Coronavírus tragam problemas para milhões de pessoas, o número de pessoas mortas pela fome em todo o mundo não tem chamado atenção de políticos ou de veículos de comunicação.


Os índices levantados pela Síntese de Indicadores Sociais – ISS demonstram que em 2018, período ainda não atingido pela pandemia do Coronavirus, 2018 o país tinha 13,5 milhões de pessoas com renda mensal per capita inferior a R$ 145, ou U$S 1,90 por dia, critério adotado para identificar a condição de extrema pobreza. Isso significa que 6,5% dos brasileiros viviam nessa condição, maior percentual em 7 anos.

Outro dado alarmante exposto na SIS 2019 é que um em cada quatro brasileiros vive com menos de R$ 420 por mês. Ou seja, 52,5 milhões de brasileiros vivendo na pobreza. Diferente do que se tentou disseminar, a pobreza no Brasil não foi erradicada, apenas maquiada com a mudança de critérios de classificação para que uma família pudesse ser considerada classe média.

Em 2020, além da fome, o mundo e o Brasil enfrentam outro problema, a pandemia de Covid-19, que agravou mais ainda a situação. Até o fim de 2020, a pandemia de Covid-19 levou cerca de 86 milhões de crianças no mundo à pobreza. O alerta foi feito pela organização da sociedade civil Save The Children e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). No Brasil, o impacto da redução dos postos de trabalho e a política adotada por governadores e prefeito, emburrar a população mais pobre, principalmente nas periferia e municípios mais distantes, para o desemprego e, consequentemente, dificultaram ainda mais o acesso ao mínimo de alimentos necessários. A fome mostrou seu rosto como nunca antes se vira em terra brasileiras.

Ações como os recentes Lockdowns realizados em grandes centros, onde a prevalência de autônomos e ambulantes é gigantesca, agravam tal situação. O recente apelo do prefeito de Aparecida – SP, Luiz Carlos de Siqueira, que relatou a situação caótica de sua cidade, cuja economia gira em torno das romarias e turismo religioso, em diversos programas de rádio e TV, aponta para a inadequação das medidas, que desprezam a economia sem apresentar opções para os trabalhadores forçados a deixar seus negócios. Cidades inteiras isoladas e impedidas de ter se comércios em funcionamento, transforma-se em depósitos de desempregados e pequenos e microempresários falidos. O resultado se traduz em geladeiras e dispensas vazias.

Seguindo a ciência

A alegação principal para a implantação do lockdown por governadores e prefeitos é que se trata de uma medida baseada na ciência. Mas, qual a ciência por trás do fechamento de borracharias ou oficinas mecânicas? Ou ainda, em que será reduzido o contágio caso alguém seja impedido de comprar uma panela ou um eletrodoméstico? Sem a comprovação cientifica, resta enfrentarem o descrédito e os efeitos sobre a economia. O mais perigoso, sem dúvida, é desemprego e a fome.

Simultaneamente a luta travada contra o Coronavírus, usando o lockdown como ferramenta, vídeos e imagens de pessoas recorrendo todas as possibilidades para conseguir comida tomam conta das redes sociais. Pessoas apanhando restos de padarias e supermercados, desenterrando frangos apodrecidos ou simplesmente revirando o lixo doméstico em busca de alimentos.


Para mitigar os efeitos do empobrecimento da população, a partir de abril de 2021 começa a ser pago o novo Auxílio Emergencial. Todavia, com valores menores e por um período de apenas quatro meses, seu impacto será mínimo. Para realmente resolver o problema do desemprego e da fome, a imunização da força de trabalho, pessoas que hoje estão fora dos grupos prioritários, mas tem que enfrentar diariamente o transporte coletivo lotado e, ao retornarem para casa, infectam seus pais, avós e cônjuges, e a adoção de tratamentos precoce poderão devolver à população as condições de trabalho e, consequentemente, de rende. Assim, retomando o fluxo normal da economia.

Tais ações devolverão ao Brasil, em médio prazo, a sua rotina de país em desenvolvimento. Isso não terminará com a fome, mas oportunizará que haja tempo para se tentar implementar políticas sociais que realmente ofereçam mais condições de trabalho e renda para a população.

Por Jorge Andrade, que é Jornalista e Gestor Público

Redação