Estudantes catuenses se surpreendem com tema da redação do Enem
A escolha do tema da redação do ENEM desse ano trouxe muitas discussões inclusive nas redes sociais, onde jovens procuravam entender a surpreendente temática selecionada, que em nenhum momento foi pensada como possível abordagem por professores de colégios e cursos preparatórios em todo país
No último domingo, 05, mais de 6,37 milhões de pessoas realizaram a primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio, ENEM. Mas, diferente do que os estudantes esperavam, o tema da redação, parte mais temida do exame, não foi um dos que estavam sendo especulados pelas escolas ou pela mídia. A questão que deveria ser abordada no texto dissertativo argumentativo, de até 30 linhas, foi sobre “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”.
Por não ser um assunto amplamente discutido em rodas de conversa ou até mesmo pela mídia, os estudantes se assustaram ao ler que teriam que escrever sobre inclusão. Todos os temas que se especulavam fugiam completamente dessa linha de raciocínio. “Eu esperava outro tema, nunca imaginei que seria esse. Não foi um tema sobre o qual eu estava sempre me atualizando na televisão e no jornal. Mas já que foi, de qualquer forma, é um tema importante para se discutir”, conta Marta de Jesus, que realizou o exame pela quarta vez para tentar o ingresso em uma universidade.
Mas, mesmo sendo pegos de surpresa, os candidatos acreditam que esse é um tema de importante relevância, como conta Beatriz Schramm: “tive pouco embasamento sobre o assunto, mas achei o tema de grande importância, é uma coisa que precisa ser discutida pelo fato da gente viver numa sociedade que é muito discriminatória e excludente, então esse tema tem que ser colocado em pauta.”
Quem também defende a importância do tema ser colocado em pauta, é Andrei Henrique, que apesar de já ter ingressado em uma universidade, realizou o exame. “É um tema haviam esquecido e, após o Enem, as pessoas vão refletir sobre como está a situação dos deficientes dentro de uma escola, dentro do âmbito acadêmico. Nós fomos pegos de surpresa, mas, apesar disso, eu gostei da escolha.”
A discussão sobre a inclusão de surdos na educação é tema que as escolas precisam inserir em seu dia-a-dia. Luiz Antônio Costa Neves, pedagogo e especialista em educação inclusiva, acredita que: “esse é o grande momento das instituições de ensino se atentarem ao problema e discutir o assunto com mais ênfase, para promover a inclusão no ambiente de aprendizagem. Isso não só papel da escola, mas de todos os entes que envolvem a nossa comunidade”. Além disso, ele explica por que os alunos foram pegos de surpresa com o tema proposto: “as questões de inclusão social para deficientes não têm tanta visibilidade nem espaço na mídia. Mesmo contando com uma população de mais de nove milhões de surdos, há pouca discussão sobre o assunto”, explica.
Luiz Antônio coordena há cinco anos o treinamento para deficientes da empresa Perbrás, além de ser dono e mentor da plataforma virtual ‘Mãos que Ensinam’, que oferece cursos na modalidade EAD para surdos.
O pedagogo também trabalha na igreja com um grupo de surdos e mudos, e constantemente participa de ações voltadas a inclusão dessa parcela da população, que considera ainda muito marginalizada pela sociedade. Para ele, não se pensa, em um mundo para os portadores de deficiências auditivas. Falta muito mais ações e políticas públicas de uma forma geral, que contemplem essa parcela significativa da população.
Luiz tem verdadeira paixão por inclusão social de todas as classes, e considera de extrema importância um projeto de educação que contemple a inclusão dos surdos no Brasil e por isso festejou a escolha da abordagem da temática no ENEM.