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Dia da Amazônia: mulheres agricultoras falam sobre preservação

Agricultoras usa técnicas sustentáveis de plantio e extração.

Com mais de 5,5 milhões de quilômetros quadrados de área espalhados por nove países, ela é lar de dezenas de milhares de espécies de plantas, pássaros, mamíferos, peixes e insetos. Presente no imaginário coletivo internacional como o pulmão do mundo, é impossível separá-la da imagem do Brasil – há quem diga que ela está representada na bandeira nacional como a base que sustenta todos os outros símbolos, o grande retângulo verde. Neste sábado (5), comemora-se o Dia da Amazônia.

Observada e cobiçada por seus vastos recursos naturais, a floresta enfrentou um ano difícil, mas de grandes avanços. Afetada por incêndios criminosos e práticas predatórias de extração, os esforços para monitorar e proteger tanto a floresta quanto os povos que vivem na região e tiram seu sustento dela são contínuos. A região é um desafio para o governo federal, que vem buscando maneiras de aprimorar o monitoramento e reduzir ações criminosas.

Para compreender melhor como as práticas predatórias assolam a Amazônia, a Agência Brasil ouviu relatos de mulheres que trabalham exclusivamente com técnicas sustentáveis de plantio e extração, e como a mudança para a chamada bioeconomia – terminologia usada para definir o mercado que tem como base os recursos biológicos recicláveis, renováveis e com consumo e exploração conscientes – pode mudar também o paradigma para a preservação ambiental do país.

“A gente começou desacreditada. Éramos um grupo de leigos, todo mundo humilde, de família de agricultor, sem esses conhecimentos”, conta Maria Josefa Machado Neves. “Quem joga veneno na lavoura, joga veneno nas pessoas, e quem queima a floresta, queima a própria casa”, diz Josefa, que é chefe de família e que, desde os 10 anos tira o sustento da agricultura.

“Infelizmente ainda é muito comum o pessoal tratar a terra assim, fazendo destruição. A gente vê que o povo não tem muito respeito, mas vamos educando, ensinando. A pessoa tem que entender o resultado [das queimadas] e ver que tem maneiras melhores de fazer aquilo [preparar o solo]. Quando ela vê que destruindo menos ela pode até ganhar mais dinheiro, ela começa a mudar”.

Dona de um jeito tranquilo e eloquente, Josefa conta que seu trabalho na agricultura mudou após ter contato com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995, que ensina técnicas de conservação voltadas às boas práticas de manejo e gestão responsável de recursos naturais.

Josefa afirma que a fiscalização existe e está presente na região, mas que, por razões que escapam à sua compreensão, o resultado ainda não é animador. “A gente sempre vê a fiscalização. Mas também sempre vê queimadas. E é triste, sabe? A gente sabe que a floresta sofre. Imagina se as pessoas soubessem que, sem derrubar, sem queimar, dá pra tirar o sustento.”

Participante do projeto Roça sem Fogo, do Imaflora, Francidalva Correa De Lima também é agricultora familiar desde a infância e faz questão de educar membros da comunidade, que ainda insistem nas queimadas e no uso de agrotóxicos, sobre técnicas menos invasivas e mais sustentáveis de trabalho. “Sempre que tem fogo na mata é que tem alguém achando que vai ganhar dinheiro, que é melhor pra ele. Eu ensino, falo sobre adubo, sobre como fazer. É tudo assim, de roça mesmo. Depois, tudo isso faz mal para a gente, tudo isso volta. O esforço é grande. É uma situação difícil”, lamenta.

Sobre sonhos, ambas esperam que a região se desenvolva e chegue a ponto de oferecer estudo, conhecimento e a estrutura necessária para ampliar as atividades econômicas sustentáveis, que ainda não são a norma. Abrir as portas para a movimentação de mercadorias para outros estados também é uma meta que Josefa afirma que sonha alcançar.

Guardiões da Amazônia
“É uma satisfação trabalhar na roça. Pagar uma continha, tirar um dinheirinho. Faço o que gosto. A gente sabe que tem que preservar, mas precisa de ajuda”, diz Francidalva. E a ajuda pode vir da própria comunidade, com o aplicativo Guardiões da Amazônia.

Desenvolvido para ajudar a monitorar e dar respostas rápidas às queimadas, o Guardiões da Amazônia conta com a iniciativa de usuários para mapear atividades ilegais no vasto bioma. Lançado em junho pela 17ª Brigada de Infantaria de Selva, o aplicativo foi desenvolvido para apoiar a Operação Verde Brasil II, a principal operação contra o desmatamento em curso no Brasil.

Com ele, usuários podem fazer denúncias e registrar focos de incêndio através de fotos geolocalizadas. Crimes ambientais, como caça ilegal ou extração de madeira sem autorização, também podem ser denunciados. O aplicativo está disponível na Google Play.

Fonte: Agência Brasil

Redação