Depressão: cientistas sugerem tratamento com estímulos na medula
Pesquisadores acreditam que a ligação entre o cérebro e o corpo é essencial para os transtornos psiquiátricos como a depressão.
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, sugerem que a depressão pode ser tratada com estímulos na medula espinhal dos pacientes. Os resultados de um estudo clínico piloto foram publicados na revista Nature Molecular Psychiatry em dezembro de 2023.
“Acreditamos que a ligação entre o cérebro e o corpo é essencial para os transtornos psiquiátricos. Muitos dos sintomas de transtornos de humor, alimentares ou de ansiedade têm a ver com o que se poderia interpretar como desregulação nessa interação cérebro-corpo”, afirma o neurocientista Francisco Romo-Nava, autor do trabalho.
Estudos anteriores já mostraram que a medula espinhal fornece informações ao cérebro sobre o funcionamento do corpo e isso pode afetar o humor e as emoções das pessoas.
Os pesquisadores da Universidade de Cincinnati levantaram, então, a hipótese de que esse caminho de informação pode ficar sobrecarregado em alguns quadros. O estresse crônico, por exemplo, pode esgotar o sistema com a sinalização constante, levando a respostas negativas no cérebro.
Os resultados mostraram que a técnica é bem tolerada pelos pacientes, e tem potencial terapêutico. O autor do estudo entende que o trabalho não é suficiente para provar todas as hipóteses levantadas pelos cientistas, mas é um começo. (Metrópoles)
Tratamento para depressão
No experimento, os cientistas posicionaram uma pequena caixa com um eletrodo sobre a medula espinhal de 20 voluntários com depressão. Outro dispositivo foi colocado no ombro direito deles.
A caixa transmitiu uma corrente elétrica personalizada e de baixo nível para metade dos voluntários durante três sessões por semana, ao longo de dois meses. Os demais participantes receberam um tratamento placebo.
Foi usada a estimulação espinhal transcutânea por corrente contínua. Em estudos anteriores, esse método demonstrou ajudar a regular a atividade elétrica dos neurônios no cérebro quando aplicada ao couro cabeludo.
No novo estudo, constatou-se que o estímulo na medula espinhal teve um efeito maior sobre os sintomas da depressão em comparação ao placebo.
Exames de imagem mostraram que os neurônios não foram diretamente influenciados pelo sinal aplicado. Mas observou-se que a corrente atingiu a substância cinzenta espinhal, o que teria um efeito na atividade cerebral, acreditam os pesquisadores.
“Não é a corrente que chega ao cérebro, é a mudança no sinal que tem efeito. Acredita-se que o estímulo da medula espinhal ajuda o cérebro a se modular como deveria, diminuindo o ruído ou a sinalização hiperativa que pode ocorrer durante uma síndrome depressiva”, explica Romo-Nava.
Estudos anteriores já mostraram que a medula espinhal fornece informações ao cérebro sobre o funcionamento do corpo e isso pode afetar o humor e as emoções das pessoas.
Os pesquisadores da Universidade de Cincinnati levantaram, então, a hipótese de que esse caminho de informação pode ficar sobrecarregado em alguns quadros. O estresse crônico, por exemplo, pode esgotar o sistema com a sinalização constante, levando a respostas negativas no cérebro.
Os resultados mostraram que a técnica é bem tolerada pelos pacientes, e tem potencial terapêutico. O autor do estudo entende que o trabalho não é suficiente para provar todas as hipóteses levantadas pelos cientistas, mas é um começo.