Política

Decisão de Lula deu grande confusão no PT da Bahia

Por enquanto, o único beneficiário da discórdia petista é o adversário do PT na Bahia, ACM Neto (União Brasil), ex-prefeito de Salvador.

A decisão de Lula de apoiar o senador Otto Alencar (PSD) para disputar o governo baiano criou grande confusão no PT da Bahia.

O candidato previsto era o senador petista Jaques Wagner, ex-governador. Pelo desenho traçado com Lula, ele desistiria, abrindo caminho para Otto Alencar, cujo mandato no Senado termina neste ano.

Essa mudança foi provocada pelo atual governador, Rui Costa, que resolveu se candidatar ao Senado, a partir de abril

O vice-governador João Leão (PP) assumiria pelos nove meses restantes do mandato.

O PT ficaria fora do poder, pela primeira vez nos seus 16 anos de hegemonia na política estadual.
Para Lula seria o melhor dos mundos. Líder absoluto em todas as pesquisas feitas na Bahia, reuniria expoentes do PSD, Otto Alencar, e do PP, João Leão, além da participação de Wagner e Costa, reconhecidos pela densidade eleitoral.

A cúpula se acertou, mas esqueceu de um detalhe: combinar com a base petista e com aliados locais do PSB, do PCdoB, do Avante e do Podemos.

A reação a esse arranjo tem sido negativa há uma semana, desde que os repórteres Anderson Ramos, Gabriel Lopes e Lula Bonfim, do site Bahia Notícias, revelaram o acordo, com aval de Lula.
No PT baiano, alguns grupos rejeitam a ideia da candidatura de Otto Alencar, preferem Wagner, que não demonstra entusiasmo pela ideia de disputar o governo — ele tem mandato de senador até 2026.

Acham, também, que Rui Costa deveria cumprir o mandato de governador até o fim, para não entregar o poder ao vice Leão, que é do PP, sócio do Centrão, esteio do governo Bolsonaro no Congresso.

Por enquanto, o único beneficiário dessa confusão é o adversário do PT na Bahia, Antônio Carlos Magalhães Neto (União Brasil), ex-prefeito de Salvador.
Neto lidera as pesquisas para o governo estadual, à frente do ex-governador Wagner. O jogo fica equilibrado quando, nas sondagens, o nome de Wagner é associado ao de Lula.

Sem Wagner no páreo e com veto de parte do PT local a outros candidatos, o quadro aparentemente se torna mais favorável a Neto.

Os petistas correm contra o tempo. Os mais otimistas acreditam que até a Quarta de Cinzas tudo estará resolvido. No limite, batem o martelo no domingo 13 de março.

Fonte: Veja

foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Redação