CATUENSE DIEGO SERRADO CELEBRA VITÓRIA DA BEIJA-FLOR
Após dois anos sem ganhar o carnaval carioca, a Beija-Flor de Nilópolis, na baixada fluminense que trouxe um enredo criticando a atual situação do Brasil, sagra mais uma vitória na Sapucaí pela 14ª vez a escola leva o título pra casa
A escola foi a última a entrar na Sapucaí na segunda-feira (12), trazendo um paralelo do romance “Frankenstein” e as mazelas sociais enfrentadas no país, como corrupção, intolerância religiosa, racial e gênero, formando o “Brasil monstruoso”. Agora, passa a colecionar 14 vitórias, estando atrás apenas da Portela e Mangueira. Para Diego, é uma comemoração de todos, “a maior alegria é mostrar como meu arriscado projeto de largar tudo em Catu, não foi em vão, é um sonho que antes era visto da TV, agora está celebrado na Sapucaí.”
As emoções são várias e o coreógrafo que entrou às 04h20 da manhã na avenida garante, “na hora que pisei, lembrei da minha família e de todas as pessoas que torciam por nós. É um trabalho desgastante, mas que não tira o brilho quando passa entre aquela legião de fãs do samba e da escola.”
O catuense cita a falta de dinheiro como um dos maiores desafios que encurralaram as escolas nesse ano, “o que consagrou a Beija-Flor, foi o tema escolhido, porque a população sentia na pele o que estávamos tratando e tivemos medo de não ganhar por essa razão”. Pontua.
A fé foi algo que não morreu, mesmo com toda a ansiedade que causou frisson na hora do resultado. Supersticioso e esperançoso, Diego lembrou quando em 1998 e 2008 a escola foi a última a desfilar e levar o título de campeã, e em 2018 não foi diferente, “esse 8, certamente é de vitória, e o pé quente da Bahia deu uma força”, (Risos). Depois da emoção de desfilar na avenida, Diego quer aprender mais e passar para quadrilhas juninas em Catu-Ba, sua terra natal.
O ato 7 que Diego participou foi composta por 70 bailarinos e representava a luta das torcidas em que tratava da violência nos estádios, sob a coordenação do Professor Jan Oliveira. A ala foi apresentada em frente ao carro alegórico que simbolizava o estádio do Maracanã, “nos transformamos nos monstros que eram os torcedores que brigavam até pertencendo ao mesmo time, queríamos mostrar que futebol é emoção e fraternidade, também.”
Para uma das mais conhecidas porta-bandeiras do país, Selma Rocha, ou simplesmente Selminha Sorriso, desfilar pela Beija-Flor, independente de perder ou ganhar, é levar toda a produção para a avenida, “sabemos do trabalho da equipe. O samba é a voz do nosso povo, nossa missão foi levar o hino clamado pelo povo que há anos brada por melhorias”. Destaca a passista carioca.
Depois de muito trabalho e sendo transmitido para todo o país, os estão comemorando o novo título. A festa que acontece na quadra da escola vai virar a madrugada e como não poderia ser diferente, regado a muita batida de tambor. O dançarino catuense, ressalta que o carnaval 2018, entrou para a história, “minha primeira vez numa escola que tem uma força incrível aqui, está sendo e será inesquecível. Meu coração está irradiante e só agradecer é o que resta”. Finaliza.
Reportagem: João Vitor Araújo
Edição de texto: Donaire Verçosa
Foto: Arquivo pessoal Diego Serrado e divulgação google