CAPOEIRA É VIDA PARA MESTRE BINAL
O espírito de ginga e raça impera na história de superação e luta de Isnaldo da Silva Sacramento, o “ mestre de capoeira Binal” que dar aulas para crianças e adolescentes em vulnerabilidade social em Catu
Isnaldo da Silva Sacramento, ou simplesmente “ mestre Binal”. Com seus 50 anos, filho de Seu Edvaldo Lima Sacramento E dona Zilda Nicolau da Silva Sacramento. Pai de Franciele e avô de Isabela. Nasceu em Salvador, na região da Suburbana e desde os 27 anos é morador da cidade de Catu.
Há um ano e quatro meses Binal é morador do Condomínio Antônio Carlos, no Bom Viver, mas já passou por bairros como Gogó e Santa Rita.Já trabalhou como mecânico na Secretaria de Segurança Pública de Salvador. Deu aula de capoeira, na antiga Escola Agrotécnica Federal(hoje Instituto Federal Baiano), em Catu, por 10 anos (1993-2003), dentro do curso de Educação Física.
O mestre de capoeira levou 36 anos para chegar no patamar atual. E sobre essa parte, revela “aprendi capoeira no polo estudantil da capoeira, no Ginásio do esporte, na Vila Militar do bairro do Bonfim, em Salvador, em 1980 com o DR. Josevaldo Lima de Jesus, que é o nosso Mestre Saci. Comecei a dar aula em 1989, no bairro de Massaranduba até 1990.” Além do bairro do Bom viver onde ensina crianças, adolescentes e adultos, Isnaldo leva a arte para a Baixada da Paz, Pau Lavrado e BR.
“Em uma Feira de Ciências realizada no Instituto Federal(campus-Catu), fui convidado pela primeira-dama da época Mari Dantas(esposa do ex-prefeito Orlando Dantas) para ensinar na escola do menor aprendiz que levava o seu nome, onde fiquei por 10 anos. Também passei pela Casa da Cultura, naquele período.”
Binal destaca que a arte já foi levada consigo para outros municípios do interior em apresentações de rodas de capoeira, como também para vários estados ao redor do país em intercâmbios, oficinas e seminários. Conta ainda que estudou até a oitava série do ensino fundamental. Em poucas palavras, ele destaca: “Capoeira pra mim é filosofia de vida. Vivo capoeira, sou capoeira!”
No bairro do Bom viver, seu Binal revela ensinar capoeira a uma média de 42 alunos, de segunda à sexta. “Tive reconhecimento pela Confederação Brasileira e pela Federação Baiana de Capoeira, em qualquer lugar do país sou o Mestre Sacramento.”
Junto com Binal, há dois professores e um monitor ajudando. “É um trabalho sócio educativo, ajuda na formação de um cidadão como todo, levando valores da saúde, educação, cultura…” Em relação a patrocínio ou lucro ele diz: “A prefeitura desde setembro paga meu salário. Contribuem com o fardamento dos alunos.Além do apoio de amigos como Dona Francisca, presidente do residencial aqui e dos comerciantes locais.”
Um outro detalhe que salienta como fundamental é o rendimento escolar dos alunos. “ Quem tem notas baixas ou não estão indo bem nas disciplinas, são automaticamente afastados do projeto.
O centro comunitário era uma creche, sendo aberta a público para todas as atividades da comunidade, o local abre espaço para os capoeiristas. É válido destacar que as crianças tem a autorização de seus pais ou responsáveis para participarem das aulas.
Os alunos já fizeram participação em vários eventos nas cidades do estado como; Araci, Alagoinhas, Salvador, Pojuca, Camaçari entre outros, com o intuito de levar cultura, conhecimento e alegria ao público. Para os próximos dias: 04 e 05 de março, irão participar da oficina de capoeira nas cidades de Araçás e Itanagra. Já nos dias 25 e 26, será em Serrinha.
A origem da capoeira
A capoeira vem desde a época em que o Brasil era colônia de Portugal. Muitos africanos, vindos da Angola dançavam bastante quando faziam parte dos trabalhos escravocratas nos engenhos de açúcar.
A necessidade de desenvolver formas para se proteger da violência e da repressão dos colonizadores brasileiros, fez a capoeira passar a ser uma arte marcial disfarçada, um instrumento importante de resistência para os escravos.
A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos a senzalas, com o objetivo de ganhar resistência física e manutenção da saúde. As lutas aconteciam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Em 1930, foi proibida no Brasil a prática da luta, por remeter ideias de violência e/ou práticas subversivas. No mesmo ano, o famoso capoeirista mestre Bimba, fez uma apresentação para o então Presidente Getúlio Vargas que gostou tanto, que transformou a arte em esporte nacional brasileiro.
O capoeirista Isnaldo abre o coração: “A capoeira é minha identidade. Vivo por ela. As crianças veem futuro aqui. Muitas não tem nem o que comer, e estendemos a mão a elas. Tudo graças a capoeira! Apesar de não ganhar muito, procuro contornar as dificuldades. Portanto, a capoeira é tudo e está inserida em todo o conteúdo: na matemática, por exemplo, somamos tempo e espaço no português entendemos as canções, em história temos o rico conhecimento e ciências, entra a questão da saúde.”
Parabéns Mestre Binal pela iniciativa. São pessoas como você que alimentam a esperança do Brasil se tornar um país melhor. Fiz capoeira quando criança e início de minha adolescência. Sei da importância da prática para o amadurecimento de meus valores morais e éticos. Estamos disposto a ajudar no que pudermos. Conte conosco. Forte abraço