Comportamento

Bloco ‘As Muquiranas’ decide numerar fantasias para facilitar identificação de foliões

A entidade também ressaltou que foliões que responderem a processos relacionados à Lei Maria da Penha não serão aceitos.

Após os episódios de assédio sexual envolvendo foliões do bloco ‘As Muquiranas’ no Carnaval de  Salvador deste ano, a agremiação decidiu que vai aplicar numeração em cada fantasia e vinculá-las ao cadastro do associado a partir da festa de 2024. A decisão foi confirmada pela presidênciado bloco, ocupada por Washington Paganelli, na noite de terça (25) e notícias em diversos veículos de comunicação na Bahia.

Entre as mudanas para conter os assédios e importunações sexuais denunciadas por vítimas, os foliões que respondem a processos relacionados à Lei Maria da Penha não serão aceitos no bloco.

Sobre a decisão de numerar as fantasias, o presidente da agremiação afirmou que a medida tem o objetivo de ajudar a identificar foliões suspeitos de algum caso de assédio ou agressão, por exemplo, além de poder auxiliar em acidentes envolvendo associados do bloco.

“Somos o único bloco que tem cadastro para comprar, só vendemos uma fantasia por CPF, em que é preenchida uma ficha com identidade, foto, comprovante de residência. E o que acontece é que havendo um acidente fora do bloco, a numeração na fantasia pode ajudar a identificar a pessoa. E também em casos de suspeitos de agressão ou outros episódios, eles podem ser identificados, para que o poder público tome as melhores providências”, Explicou.

Já quanto a decisão de não aceitar foliões que respondem processos da Lei Maria da Penha, Paganelli explicou que foi uma sugestão do público.

“Foi uma sugestão do público e acatamos: que as pessoas que respondem a algum processo na Lei Maria da Penha não será aceitas em nosso quadro de associados. Então, as ‘Muquiranas’ está  mostrando, mais uma vez, que está se antecipando a tudo e todos e, segue pregando contra a violência, homofobia, assédio e todo tipo de preconceito”, ressaltou.

As decisões foram deliberadas pelo bloco durante audiência com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), na segunda-feira (24). A origem foi o caso de uma mulher encurralada e agredida por foliões do bloco em fevereiro de 2023, onde as vítimas das agressões durante desfile das muquiranas pediram o fim do bloco: ” o que mais precisará acontecer? “Após o episódio, o bloco também se tornou alvo de investigação no MP-BA.

A audiência realizada na segunda foi conduzida pela promotora de Justiça Sara Gama, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento às Violências de Gênero em Defesa dos Direitos das Mulheres (Nevid), que destacou a importância da participação de todos no processo de combate a este tipo de violência e ressaltou que “a violência contra as mulheres só terá fim quando os homens se conscientizarem e se tornarem parte ativa do escudo que protege as mulheres”.

Campanhas

O presidente das ‘Muquiranas’ também enfatizou que o bloco realiza campanhas contra a violência, discriminação racial, racismo, homofobia e preconceito, há mais de 20 anos.

“Em 2012, nós ingressamos com um pedido de Projeto de Lei pela proibição da pistola d’água que não andou na época, e desde de 2020, temos uma parceria com o Ministério Público e com a Secretaria de Políticas para Mulheres e Juventude (SPMJ), para promover ações contra a violência, assédio, racismo, e todas essas práticas que não concordamos”, pontuou. (Fonte: Portal Muita Informação)

(Foto: Paula Fróes/ Correio 24)

Redação