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Bahia tem seis vítimas de feminicídio por mês em 2023

O estado baiano é ona há o maior índice de violência contra a mulher.

Em 2023, seis mulheres são mortas por mês na Bahia vítimas de feminicídio. Esse número é inferior aos casos registrados no mesmo período no último ano. De acordo com a Polícia Civil, até 25 de abril, foram 24 feminicídios, contra 26 no mesmo período de 2022, o que figura uma redução de 7%.

Julieta Palmeira, antiga Secretária de Políticas para Mulheres do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (Neim) da Ufba, defende a necessidade de executar melhor as políticas existentes. “Nós precisamos de políticas para evitar a impunidade e garantir uma proteção mais efetiva às mulheres, buscando a aplicação da Lei Maria da Penha, um marco legal de referência. É preciso ampliar o número de delegacias especializadas, fazer valer a lei que dá celeridade às medidas protetivas, recentemente sancionada, e fortalecer os serviços locais de acolhimento às mulheres em situação de violência, as redes de acolhimento”, diz.

O relatório Elas Vivem, organizado pela Rede de Observatórios da Segurança, registrou que a Bahia é o estado do Nordeste com maior índice de violência contra a mulher. Larissa Neves, pesquisadora e organizadora do projeto, afirma que 75% dos feminicídios são cometidos por companheiros.

“É muito importante que essas mulheres conversem sobre o que sentem. Que elas tenham ali pessoas de confiança para sinalizar o que ela está passando. Elas precisam externalizar, porque muitas vezes a gente naturaliza esses ciclos da violência, justamente porque a gente não sabe que isso é violência. A gente acredita que isso faz parte da relação e acaba não falando, porque nós temos vergonha de dizer e sinalizar que a gente está sendo controlada”, ressalta a pesquisadora.

Monitor da violência: Bahia é o estado com maior número de mortes violentas no primeiro trimestre de 2023

A Bahia é o estado que registrou o maior número de mortes violentas no primeiro trimestre de 2023. Entre janeiro e março deste ano, 1.289 pessoas morreram em casos de feminicídios, homicídios dolosos, latrocínios ou lesões corporais seguidas de morte.

Informações à Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) sobre as mortes registradas no primeiro trimestre do ano. Em nota, a SSP informou que a redução acontece desde o dia 1º de janeiro até 19 de junho, quando os dados do período mostraram redução de 5,3%.

Ainda de acordo com o órgão, o número de feminicídios também diminuiu cerca de 13% nos primeiros seis meses do ano: são 39 casos, contra 45 no mesmo período do ano anterior. Os índices em queda tem relação direta com a nova diretriz de integração das forças policiais.

Segundo o advogado especialista em Segurança Pública, Luiz Henrique Requião, a liderança no ranking de assassinatos no país é a junção de uma série de fatores, entre eles a desigualdade social.

“Os dados de violência nunca estão dissociados dos dados econômicos no local. A Bahia ainda é um dos estados com um dos maiores índices de desigualdade do Brasil”, explicou.

Segundo Luiz Henrique, a desigualdade social é a motivação para muitas pessoas entrarem no tráfico de drogas, um crime que muitas vezes “anda junto” com latrocínio e homicídios, por exemplo.

Um outro agravante do número de assassinatos são os feminicídios, casos que têm sido recorrentes na Bahia. Para o advogado, a quantidade de casos se deve a dois fatores: a conscientização das mulheres e o entendimento do que é o crime de feminicídio.

“Quando a lei muda, há sempre um tempo para compreender as situações. Hoje, já existe essa compreensão do que é entendido como feminicidio e isso muda a forma com que os crimes são tipificados”, disse.

Um dos casos chocantes do primeiro trimestre foi o da dona de um bar na cidade de Jeremoabo, região norte da Bahia. Ela foi morta a facadas após cobrar o pagamento de uma dívida de cervejas a um cliente. O assassinato aconteceu em fevereiro e foi filmado por uma pessoa que estava no bar.

Na gravação, é possível ouvir o desespero dos outros clientes com o ataque. As imagens mostram que o homem voltou a beber a cerveja tranquilamente, enquanto outros clientes tentaram socorrer a vítima. O suspeito foi preso.

Lorena Fox foi morta após entrar em um carro com dois homens, na esquina da antiga rodoviária da cidade. O suspeito foi preso cerca de um mês após o crime.

Mortes violentas no Brasil


No primeiro trimestre de 2023, os assassinatos caíram 0,7% no Brasil. Foram 10,2 mil mortes violentas no primeiro trimestre do ano, contra 10,3 mil no mesmo período do ano passado.

Monitor da Violência: assassinatos caem 0,7% nos primeiros três meses de 2023 no Brasil
Neste cenário, quatro das cinco regiões do país tiveram queda: Centro-oeste (-5,2%), Nordeste (-3%), Norte (-4,2%) e Sul (-5,7%). Na Bahia, a dimunuição foi de quase 3%.

(*** Matéria do G1 e do Correio 24h com Reedição de Donaire Verçosa)

Redação