Comportamento

A morte de Dom Cláudio Humme e seu legado sob o olhar de Denize Barbosa

Na segunda-feira (4) a morte do cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, aos 87 anos, deixou a comunidade católica e militantes sociais entristecidos e reflexivos diante da expressividade do legado deixado pelo cardeal. Figura importante pelo apoio aos movimentos sindicais e populares na época da luta contra a ditadura militar.

O Cardeal Hummes estava em sua residência, na zona sul de São Paulo, onde lutava contra um câncer. O velório e os ritos fúnebres estão sendo realizados na Catedral Metropolitana de São Paulo, desde a segunda-feira(04). O sepultamento ocorrerá na Cripta da Catedral na manhã desta quarta-feira (06).

Nomeado bispo em março de 1975, Dom Cláudio Hummes assumiu a Diocese de Santo André, na região do ABC paulista, em dezembro do mesmo ano. O período é marcado pelas grandes greves da região, puxadas pelo movimento operário, inclusive a histórica greve dos metalúrgicos de 1979, liderada por Lula. Na época, Hummes se notabilizou por abrir as portas da igreja para acolher militantes perseguidos pelas forças de repressão. 

Direitos indígenas

Permaneceu em Santo André até 1996, quando foi nomeado para a Arquidiocese de Fortaleza, onde ficou até 1998. Neste ano, foi nomeado arcebispo de São Paulo, cargo que ocupou até 2006. Em 2001, foi nomeado cardeal pelo papa João Paulo II. 

Após a morte de João Paulo, em 2005, participou da eleição de seus dois sucessores na Santa Sé e chegou a ser incluído em listas de possíveis escolhidos. Entre 2006 e 2010, foi nomeado pelo papa Bento XVI como prefeito da Congregação para o Clero, no Vaticano, cargo responsável pela gestão de questões ligadas aos mais de 400 mil sacerdotes em todo o mundo. 

Em 2010, retornou ao Brasil como presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cargo que exerceu até 2019. Nessa posição, ajudou a criar a Rede Eclesial Pan-Amazônica (RePam) em 2014. 

Esteve à frente da questão amazônica durante o impacto da encíclica Laudato Si, editada pelo papa Francisco em maio de 2015, que trouxe forte impulso para o debate sobre a questão ambiental na igreja. Nesse contexto, foi relator-geral do Sínodo para a Amazônia, realizado em 2019. A partir de julho de 2020, presidiu a Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), cargo do qual pediu afastamento em março deste ano, já por problemas de saúde. 

Falando na COP21, em dezembro de 2015, Dom Cláudio manifestou irrestrito apoio ao modo de vida dos indígenas: “é preciso defendê-los, defender seus direitos, dar-lhes de novo a possibilidade de serem os protagonistas de sua história, os sujeitos de sua história. Deles foi tirado tudo: a identidade, a terra, as línguas, sua cultura, sua história, tudo”. 

Dom Claudio Hummes também foi um dos grandes apoiadores da escolha do Papa Francisco no Conclave 2013. Em junho de 2021, Francisco relembrou 2 frases pronunciadas por Hummes quando ele foi eleito no Conclave e que influenciaram a escolha do nome Francisco: “È assim que o Espírito Santo Age” e “Não se esqueça dos pobres”.

A Revista Catu Acontece procurou a Assistente Social Denize Barbosa em Catu-Ba, por ser ícone na defesa dos direitos sociais e proteção das classes menos favorecidas na cidade, além de católica fervorosa e uma das organizadoras da Festa da Padroeira que acontece neste mês de julho em Catu, e ela trouxe uma reflexão sobre o legado do Cardeal:

Denize Barbosa

“Dom Claúdio ele foi um lutador incansável pela justiça Social, e defendeu os pobres incondicionalmente. Em 2011 quando esteve a frente da pastoral operária, ele revolucionou e fez com quê o operário fosse visto como “gente”, não só como uma peça nas mãos dos empresários, mas passasse a ser respeitado como ser humano, sendo uma de suas marcas na igreja católica no mundo todo. Defensor dos mais vulneráveis, ele tem uma relação forte conosco, os assistentes sociais, pois a bandeira da Assistência é o olhar sempre voltado para os que mais precisam, ajudando a tirá-los dessa condição de vulnerabilidade social. A gente não tem como esquecer uma pessoa que deixa uma marca tão grande em nós e na sociedade como um todo.” Destacou.

Ainda sobre o militância do cardeal, e, bastante emocionada, Denize destacou: ” ele deu voz e vez ao operário que viveu sempre debaixo da opressão, além de tomar para si a necessidade dos mais humildes e marginalizados da sociedade. Então, jamais esqueceremos do seu exemplo de vida. Hoje é dia de estarmos rogando a Deus que dê a ele o descanso eterno, e que tudo que ele fez em nosso meio jamais seja esquecido.” Pontou a assistente social Denize Barbosa, também militante das causas dos menos favorecidos em Catu e região circunvizinha.

***Matéria com informações de Brasil de Fato/ Agência Brasil/ Reedição de Donaire Lago.

Redação