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A FATALIDADE INCITA MÚLTIPLOS SENTIMENTOS

A dor da perda não tem partido, cor, raça ou religião. Porém pessoas públicas mesmo durante a fatalidade, despertam ódio e misericórdia dividindo a opinião pública

Por Jorge Andrade

O ressente e prematuro do falecimento da esposa do ex-presidente Lula despertou reações diversas que, de forma instantânea, inundaram as redes sociais. Posts de apoio e otimismo se misturavam a manifestações de puro ódio contra a figura de um ser humano que, à beira da morte, jazia em um leito no melhor e mais caro hospital do país.

Dona de um temperamento forte, dona Marisa costumava ser avessa ao glamour que cerca o posto de primeira-dama. Recentemente, gravações onde declarava suas posições acerca dos problemas vivenciados pelo marido, foram veiculadas em rede nacional. Estopim para uma onda de rancor, que passou a acompanhar a mulher do outrora homem mais poderoso do Brasil.

Mas, será que tudo isso justifica a prática de bulliyng contra a família e a memória da falecida? De temperamento tranquilo e amistoso, o povo brasileiro é reconhecido mundo a fora pela forma acolhedora e cordial com que trata a todos que por aqui chega. Solidário, nunca perde a oportunidade de estar ao lado do próximo vitimado pela dor de uma perda ou por um acaso traumático. Nada disso, entretanto, foi suficiente para mitigar a impressão de que dona Marisa e Lula poderiam ser um só, e que por isso deveria ser punida. Ainda que não tenha ocorrido julgamento, o rancor dispensado lhe imputa a culpa que jamais saberemos se lhe cabia.

Em um primeiro momento, é preciso registrar que a falta de sensibilidade à dor alheia não tem cor partidária. Caso fosse uma outra figura ligada a outro partido ou grupo político, certamente veríamos as mesmas reações de amor e ódio, pois são atitudes comuns a pessoas públicas

O importante aqui é a existência de tais manifestações que desprezam totalmente a humanidade e optam pelo escarnio irracional. Abrem mão da solidariedade para infligir mais dor e tortura a família da morta. Essa reação é inexplicável por que todos nós podemos ser vitimados pela mesma situação cedo ou tarde. Mesmo honestos, éticos ou apolíticos, brancos ou negros, católicos ou protestantes. Todos nós seremos visitados pela fatalidade.

Do triste episódio da partida de dona Marisa fica uma grande lição: Devemos trabalhar para manter nossa humanidade a todo custo. É ela que nos separa do bestialíssimo. Empatizar como Lula em um momento de dor, não implica em concordar com ele ou com o que ele possa ter feito. Implica em afirmar que reconhecemos no outro a nossa humanidade e por isso somos solidários na dor que um dia também nos afetará. Lembre-se sempre: Aqueles que lá estão, esperam por nós.

 

Jorge Andrade

Gestor Público – Pós-graduando em Gestão Pública e Governamental
Radialista DRT – MT 3639 – Ba. – Jornalista – MTE nº4500 SRTE /Ba- 

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Donaire Verçosa

Dir. Jornalismo do Site Catu Acontece. Graduada e de família Catuense! Prezo pelo jornalismo imparcial.