Educação

Educadora Ana Teixeira traz reflexões sobre a proibição do uso do aparelho celular nas escolas

Por Ana Teixeira

O ano de 2025 começou, para todas as escolas da educação básica do Brasil, com o desafio de proibir o uso de aparelhos celulares durante a aula, o recreio e nos intervalos. Essa Lei surge a partir dos estudos e debates entre especialistas, e do sentimento da população em geral a respeito dos impactos negativos na aprendizagem e na saúde mental das crianças, adolescentes e jovens pelo uso excessivo das telas, que apontam para dificuldade de concentração, dependência e isolamento social, prejudicando o desempenho acadêmico e o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais.

O descontrole no uso da internet também expõe crianças e adolescentes a conteúdos inadequados e a riscos, como o acesso a materiais violentos, pornográficos ou em desacordo com sua faixa etária, gerando impactos na saúde mental e física, como o aumento dos índices de ansiedade e depressão e da incidência de autolesões e suicídios. Uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina aponta também distúrbios de atenção, atrasos no desenvolvimento cognitivo e da linguagem, miopia, problemas no sono e sobrepeso. A Sociedade Brasileira de Pediatria, também demonstrando preocupação com o tema publicou o Manual de Orientações #MENOS TELAS #MAIS SAÚDE.

Imagem: AdobeStock/NBE

A situação é tão grave que “desde 2018 a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a dependência digital como um transtorno caracterizado pelo medo irracional de estar sem o celular ou outros aparelhos eletrônicos. Um estudo publicado na revista científica PLOS Mental Health, dos Estados Unidos, revelou que esse vício pode causar alterações cerebrais em adolescentes, afetando até mesmo seu comportamento”. (Guia para Escolas/MEC).

Para apoiar situações de abstinência do uso das telas, a Lei estabelece que as escolas deverão dispor de espaços de escuta e de acolhimento para receberem a comunidade escolar em sofrimento psíquico e mental.

Curiosamente, a Lei foi aprovada no Congresso Nacional depois de 10 anos de tramitação do PL 104/2015, após idas e vindas no Congresso Nacional e a aprovação da ampla maioria da população brasileira: uma pesquisa Datafolha de outubro de 2024 apontou que 62% da população é a favor da proibição do celular nas escolas e 76% acreditam que o uso de celulares prejudica mais do que ajuda no aprendizado. Outra pesquisa aponta que 93% dos entrevistados concordam que as crianças e adolescentes estão ficando viciadas em redes sociais. Os dados indicam que a sociedade brasileira reconhece a urgência de maior proteção para crianças e adolescentes no ambiente digital.

No Brasil, os estados do Rio de Janeiro e de Roraima e o Distrito Federal já haviam proibido o uso dos celulares nas escolas antes da homologação da Lei 15.100/25. Outros países do mundo, como a Finlândia, Holanda, Itália, Canadá, Austrália, Espanha e Portugal já adotaram medidas semelhantes.

Com o objetivo de salvaguardar a saúde mental, física e psíquica das crianças e adolescentes, o que se espera agora das escolas é que desenvolvam espaços de diálogo na busca de alternativas responsáveis e intencionais, utilizando a tecnologia de forma saudável e equilibrada, formando cidadãos conscientes, críticos e preparados para lidar com os desafios de uma sociedade cada vez mais tecnológica, apostando em  um ambiente escolar integrador, com foco no desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais e no desempenho acadêmico dos estudantes.

Edicadora Ana Teixeira

Sobre Ana Teixeira

Atualmente Ana está aposentada, dedicando-se apenas aos projetos acadêmicos da sua escola Traços e Letras e o colégio Antoni Gaudi, supervisionando a execução de cada um deles de perto, o que lhe rendeu o título de capitã. Veja matéria aqui! Entre as experiências constam em seu currículo:

Diretora da Escola Denise Carvalho(Catu) – Fundação José Carvalho – 1989 a 1996;

Diretora e proprietária da Escola Traços e Letras & Colégio Gaudí (fundada em 2000);

Consultora Educacional no município de Ribeira do Pombal – 2006/2007;

Superintendente de Desenvolvimento da Educação Básica – Secretária de Educação do Estado da Bahia- 2007/2009;

Conselheira do Conselho Estadual de Educação da Bahia – 2008 a 2016;

Presidente do Conselho Estadual de Educação da Bahia – 2012/2016;

Secretária de Educação e Cultura de Catu – períodos: 1997/1998; 2001/2004; 2013/2020.

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