O Artista da Alma: A trajetória surrealista de Tontêi
A jornada artística de Antônio Teixeira Santos – Tontêi – e seu encontro com o Surrealismo.
Por Jorge Andrade
“Todo mundo tem uma história de vida e aqui será relatada parte da minha, digo parte, porque ainda está sendo escrita.” Tontêi
No universo da arte, cada trajetória é única e cheia de curiosidades. Hoje, mergulharemos na história de Antônio Teixeira Santos, mais conhecido como “Tontêi”, um artista que encontrou sua vocação nas cores e formas do surrealismo. Sua jornada artística é uma narrativa cativante, repleta de descobertas e influências marcantes.
O Nascimento de Tontêi: Uma fusão de identidade artística
Nascido no segundo domingo de maio de 1972, Antônio Teixeira Santos recebeu o nome que iria mais tarde se fundir com sua identidade artística. Em 1996, surgiu o nome “Tontêi” da combinação das primeiras sílabas de seu nome de batismo, Antônio, com a do sobrenome Teixeira. O motivo? A necessidade de um nome artístico que o representasse e, claro, com um toque de humor, uma das marcas do artista que tem obras repletas de cores e formas que remetem a reflexão sem, no entanto, tornar-se deprimente ou triste.
A Infância Marcada por Desenhos e Super-Heróis
Desde a infância, Tontêi estava destinado a um destino criativo. A visita frequente de seu primo Maadias, um talentoso desenhista, trazia consigo a magia dos desenhos feitos na hora. Esses momentos eram oportunidades para Tontêi ganhar os desenhos do primo e se maravilhar com suas criações. Embora naquela época não existisse uma aspiração definida em direção à arte, esses encontros deixaram uma semente de influência em sua mente. Aos 11 anos, a mente do artista fervilhava. Da explosão de talento e curiosidade, as figuras dos super-heróis dos quadrinhos ganhavam cores através dos traços iniciais do promissor artista, um indício inicial de seu amor pela arte.
O Salto para o Surrealismo
Das cores fortes dos uniformes dos heróis dos quadrinhos, Tontêi, percebeu as formas e cores de grandes pintores como André Breton, Max Ernest, Luís Buñuel, e, aos 19 anos, abraçou o surrealismo. Naquele momento, ele não tinha plena consciência do que estava criando, mas sabia que aquilo o libertava, permitindo-o “voar” na sua própria mente. Esse estilo artístico se intensificou e, curiosamente, ele só descobriu o que estava fazendo em uma aula de geometria descritiva em 1991. O professor, Dr. Chagas, percebeu o seu potencial ao examinar um de seus desenhos. O evento foi marcante, e Tontêi começou a compreender que sua expressão artística estava conectada ao surrealismo figurativo e abstracionista.
O Reconhecimento e Influências
Em 1993, Tontêi já havia conquistado reconhecimento na cena artística local, com prêmios em exposições de escultura e arte em geral. No entanto, foi em 2018 que seu trabalho atingiu um novo patamar. Nesse ano, ele teve a oportunidade de conhecer Ed Ribeiro, conhecido como ” O Pintor dos Orixás”, renomado em todo o mundo, o elogiou e forneceu orientação valiosa. Nesse mesmo ano, Tontêi teve a honra de expor suas obras na inauguração da Biblioteca Municipal de Catu, equipamento instalado na época em um prédio histórico do município, um marco importante em sua carreira.
Hoje, as criações de Tontêi adornam diversos locais da cidade, com destaque para sua icônica fachada na Escola Professor Jorge Luís, no bairro Planalto 1. Sua arte é uma expressão da mente, um processo de “automatismo psíquico” que transcende as regras convencionais da estética e moral, revelando a verdadeira essência de seu pensamento.
A história de Tontêi é um testemunho de como a arte pode ser uma jornada de autodescoberta, influências inesperadas e um veículo para a expressão criativa genuína independentemente de onde se pratique. Seu nome, agora inseparável do surrealismo, continua a se desenvolver e a encantar aqueles que têm a sorte de entrar em contato com sua arte única.