Saúde

Endometriose afeta 10% das mulheres em idade reprodutiva

Ginecologista explica que a doença é mais frequente entre aquelas que não têm ou possuem poucos filhos e quem não usa anticoncepcional.

A endometriose afeta cerca de 10% da população feminina brasileira, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sendo mais frequente entre mulheres de 25 a 35 anos de idade. A doença é causada por uma infecção ou lesão decorrente do acúmulo, em outras partes do corpo, das células que recobrem a parte interna do útero (o endométrio) e que são eliminadas com a menstruação.

Como as chamadas células endometriais são regularmente expelidas junto com o fluxo menstrual, seguem se acumulando fora da cavidade uterina, principalmente nas regiões da bexiga, ovários, tubas uterinas e intestino. Nos casos mais graves, como o de Andrea, podem formar nódulos que, se não forem tratados a tempo, tendem a afetar o funcionamento de outros órgãos.

A doença que acomete uma em cada 10 mulheres no Brasil, sendo destas  pacientes, 57%  têm dor crônica e mais de 30% dos casos levam à infertilidade. Os dados são da Sociedade Brasileira de Endometriose. A campanha Março Amarelo visa conscientizar as pessoas sobre a doença. Gravidez tardia é outro fator de risco.

Por ser dependente de estrogênio, a endometriose é mais frequente na fase reprodutiva, em mulheres que não têm ou têm poucos filhos e aquelas que não usam anticoncepcional, explica a ginecologista Renata Britto, da Clínica Amo, empresa integrante do grupo Dasa. Caracterizada pela presença de endométrio fora do útero, a doença afeta globalmente 10% das mulheres em idade reprodutiva (190 milhões), segundo a Organização Mundial da Saúde .

Foto: assessoria/Clínica Amo

“Com hipóteses diversas para as causas e sintomas que podem variar de mínimos a severamente debilitantes, privando a mulher de sua rotina, a doença provoca inflamação crônica nos pontos em que se manifesta, levando a uma menstruação dolorosa, dor na relação sexual e ao urinar e sangue na urina, por exemplo, podendo haver também diarreia ou constipação”, observa a especialista da Amo.

“Os anticoncepcionais hormonais – pílula, medicação injetável – são fatores de proteção porque evitam a ovulação, período de maior produção dos estrogênios no corpo da mulher”, explica Renata Britto. A médica acrescenta que múltiplas gestações, amamentação prolongada, primeira menstruação tardia (após os 14 anos de idade) e uso de contraceptivos hormonais também ajudam na proteção.

Entre  fatores de risco, a ginecologista também cita histórico familiar, exposição prolongada ao estrogênio endógeno provocada pela primeira menstruação precoce – antes dos 13 anos – ou menopausa tardia, ciclos menstruais menores ou iguais a 27 dias, sangramento menstrual intenso, obstrução do fluxo menstrual por malformações do útero e/ou vagina. O diagnóstico da endometriose pode ser feito na consulta médica e exame ginecológico, por exames de imagem, como ultrassonografia, ressonância da pelve ou até mesmo uma laparoscopia.

A endometriose é umas das doenças ginecológicas das mais comuns, afetando aproximadamente 176 milhões de pessoas no mundo (2). Como algumas pessoas não apresentam sintomas, o diagnóstico pode ser complexo, sendo necessário cirurgia para confirmação. Outras pessoas podem ter sintomas por anos e visitar vários médicos antes de serem diagnosticadas (3).

A histerectomia (retirada do útero) é a cura para a endometriose?

É possível ter endometriose sem útero desde que o tecido semelhante ao endométrio por ser encontrado em outros lugares da região pélvica, (dentro da cavidade abdominal ou no intestino, por exemplo). A remoção do útero (e às vezes dos ovários) é geralmente vista como um último recurso, depois que outros tratamentos mais conservadores não tenham funcionado. A histerectomia tem mais riscos que uma cirurgia laparoscópica (com pequenos cortes e menos invasiva). Podem ocorrer complicações como a perda da fertilidade ou menopausa precoce (se os ovários forem retirados também).

Um benefício da histerectomia (especialmente quando se retira os ovários) é a menor chance de novas cirurgias futuras (7, 8). Vale lembrar que a histerectomia pode oferecer alívio da dor, mas isso não é garantido para sempre.

Posso engravidar se tiver endometriose?

Talvez. Infertilidade ou subfertilidade é um sintoma comum da endometriose. A cada 10 pessoas com endometriose, de 2 a 5 têm algum tipo de problema para engravidar (9, 10, 11). Analisando a questão por outra perspectiva, até 2 em cada 5 mulheres com dificuldades para a gestação têm endometriose (12).

Por que a endometriose está relacionada à infertilidade? A inflamação, as alterações anatômicas e cicatrizes associadas à condição causam danos aos óvulos e espermatozoides (12). No entanto, isso não significa que engravidar seja impossível. Alguns tratamentos melhoram as chances de concepção (13, 14, 15).

Como saber se você tem endometriose?

Se você tiver uma menstruação muito difícil e dolorosa, consulte seu médico, busque por informações e se aprofunde em artigos sobre os sintomas da endometriose, diagnóstico e tratamento.