Sentimento de culpa e ansiedade nas mulheres? Saiba o que a psicologia fala sobre
Numa sociedade patriarcal, a mulher vive em constante desafio para conquistar seu espaço e mantê-los se desdobrando em ínumeras tarefas que as levam a um processo de ansiedade que desencadeam múltiplos sentimentos.
O mês de março é representado como o mês da mulher, tendo uma data para comemorar o dia internacional da mulher. Nesse dia todas as mulheres costumam ser homenageadas, mas, precisamos lembrar que ao longo dos 365 dias do ano, as mulheres travam batalhas diárias, e muitas vezes ficam sobrecarregadas.
Pesquisas apontam que ao longo dos últimos anos, pelo menos 80% das mulheres relataram a dificuldade de dar conta das tarefas diárias, aumentando o cansaço, a ansiedade e o sentimento de culpa, quando não conseguem dar conta de tudo.
Vivemos numa sociedade patriarcal, onde geralmente o homem é visto como chefe de família e o provedor da casa, mas, ainda que apegados a essa lógica, os tempos são outros. Hoje a mulher precisa dar conta de todas as tarefas do lar, cuidar dos filhos e ainda saem para trabalhar, colaborando assim para o sustento da casa.
Dados do IBGE revelam que na Bahia a mulher responde, em média, por 46,2% das despesas da casa. Por outro lado, o índice mostra que a baiana contribuía mais com a renda do lar, em 2010, do que a média de todas as brasileiras, com índice de 40,9%. As mulheres baianas são responsáveis por 39,5% das famílias, segundo dados de 2010 comparados a 2000, divulgados em 2021.
No Brasil 34,4 milhões de mulheres é que comandam seus lares. Entre 2014 e 2019, quase 10 milhões de mulheres assumiram o posto de gestora da casa, enquanto 2,8 milhões de homens perderam essa posição no mesmo período. “A participação feminina entre os chefes de domicílio evolui desde 2012, ao passo que a masculina cai.
A psicóloga Bianca Reis, relata que: “diante de tantas demandas, as mulheres carregam um sentimento muito grande de culpa, quando não conseguem dar conta de todas as tarefas, e com isso, a ansiedade vem aumentando muito, para esse gênero”.
Apesar de muitos avanços e direitos adquiridos ao longo dos anos, ainda precisamos lutar pela viabilização dos direitos das mulheres e promover a saúde da mulher, sobretudo a saúde mental, que ainda não atingiu a importância devida na nossa sociedade.
“A dificuldade e o desafio de conciliar a maternidade, a vida profissional e toda jornada diária das atribuições que a sociedade designou para a mulher, quando não executada por ela, vira um sentimento de culpa e frustração, comprometendo assim, a saúde mental da mesma”, afirma a psicóloga Bianca Reis.
O medo do julgamento por não conseguir executar as tarefas, faz com que as mulheres acreditem que vão fracassar, se cobrem demasiadamente e entre num processo de ansiedade, que muitas vezes elas não conseguem dar conta sozinha. É importante que esse sentimento de culpa, por medo de não dar conta das tarefas seja dialogado, falar sobre o que sobrecarrega e machuca não é fácil, mas, é necessário, pois o que não vira palavra, vira sintoma, e afeta a saúde mental.
“É preciso olhar para as mulheres não só no mês de março, não só no dia internacional das mulheres, mas, todos os dias. As mulheres não precisam e nem querem ser guerreiras o tempo todo, é preciso respeito, acolhimento e atenção com as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia” finaliza Bianca Reis.
Sobre Bianca Reis
Psicóloga 03/11.152 do CRE-TEA, Psicoterapeuta, Palestrante e Facilitadora de Grupos. Bianca é Mestra em Família, Especialista em Psicoterapia Junguiana e Pós graduada em Estimulação Precoce e pós graduanda em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Atua há 9 anos na área clínica, tratando de pacientes com demandas voltadas aos relacionamentos familiares e românticos, sexualidade, gênero, infância, ansiedade, depressão e outras importantes questões psicológicas e humanas.