Crianças e tecnologias, quais são os riscos?
Você sabe os pós e contras do uso da tecnologia na vidas das crianças? Se usada de forma adequada, pode ser importante para o desenvolvimento infantil ou não, tudo depende da supervisão dos pais e cuidadores sobre elas
Por Danilo Rocha
Crianças e tecnologia é um tema pouco discutido em nosso cotidiano, apesar das grandes controvérsias que envolvem o assunto. Existem diversas opiniões, algumas contra, outras a favor, no entanto, vou me reportar somente para suas consequências negativas. Trago este tema como um alerta para os pais, a fim de informar sobre os possíveis danos ao desenvolvimento de seus filhos.
A acessibilidade às ferramentas de informações vem crescendo e cada vez mais se popularizando em diferentes classes sociais e faixa etária de vida. Acredito que você leitor, já deva ter escutado, ou mesmo falado, que as crianças da atualidade, os meninos de hoje em dia, são mais espertos que os de antigamente e que no passado tudo era diferente.
O tempo avança e a tecnologia evolui, influenciando, de forma crescente, no desenvolvimento físico e psicológico de seus usuários. Nesse contexto, as pessoas se surpreendem com a quantidade de aparelhos e informações que, precocemente, as crianças estão tendo acesso, como também suas adaptações a essas ferramentas. Certamente, é bastante prematura a superexposição das crianças no manuseio desses objetos: Computador; Televisão; Tablet; Celulares, Notebooks e muitos outros. Pode-se observar que quanto maior a exposição a vários estímulos e maiores facilidades de acesso à tecnologia, maior a adaptação, já que as crianças estão em uma fase que facilita seu aprendizado.
Assim, a Associação Americana de Pediatria (AAP), junto à sociedade Canadense de Pediatria (CPS) trazem estudos e informações referentes ao uso dessas tecnologias por parte das crianças, junto com orientações de como os seus familiares ou cuidadores podem melhor orientar as suas crianças nesse universo, ainda desconhecido por esses pequenos.
Através de estudos, foi comprovado que em crianças de 0 a 2 anos, o cérebro triplica até três vezes mais nessa fase. A superexposição a esses tipos de tecnologia pode dificultar a atenção, a aprendizagem e até os impulsos. (Small 2008, Pagini,2010) O uso desses aparelhos podem dificultar o aprendizado das crianças. É comum relatos entre os profissionais da educação de que muitas crianças ingressam na escola com atraso no desenvolvimento, dificuldades básicas de comunicação, interação, aprendizagem, entre outros. Essas tecnologias podem proporcionar um certo isolamento social.
Tremblay 2005 diz que existe relação entre a obesidade infantil e o uso superexcessivo dos equipamentos tecnológicos, principalmente para aquelas que fazem uso destes equipamentos no quarto. Isso pode levar a um maior número de crianças que desenvolvem diabetes e, consequentemente, ataque cardíaco, sendo que cerca de 30% das crianças que estão acima do peso podem desenvolver esses problemas físicos de saúde, fator que afetará, também, sua autoestima, ou seja, a maneira como a criança passa a enxergar a si mesma.
Outro fator importante é o uso desses aparelhos no período noturno, fazendo com que a criança perca horas preciosas de sono. Como muitos pais não conseguem lidar com essa situação, tendo dificuldades para conversar com seus filhos e por limites, através de acordos, a criança acaba com déficit do sono, afetando assim o seu desenvolvimento físico, escolar e psicológico. Segundo Boston 2012, isso acontece com maior frequência entre os jovens que estão entre 09 e 10 anos de idade.
Sendo assim, quero enfatizar neste primeiro artigo que muitas doenças mentais, como depressão infantil, ansiedade, déficit de atenção, transtorno bipolar, características autistas, transtorno do apego, comportamento do infantil problemático possuem relação com o uso em excesso desses tipos de tecnologias.
Por fim, é preciso que criança seja criança, que possa ter contato com pessoas de sua mesma idade e até mesmo de idades diferentes, que se suje ao brincar no dia a dia, que brinque com tintas, com bola, que possa correr, brincar de boneca, brincar de “casinha”, pular corda, amarelinha, cirandas, caça tesouros, entre tantas outras brincadeiras que podem ser resgatadas. É muito importante que a criança possa desfrutar relações interpessoais do dia a dia. Como os pais, cuidadores e até os professores, geralmente, reclamam que as crianças de hoje não brincam mais como as de antigamente, é chegada a hora de proporcionar tais experiências para elas. O papel de cada um desses atores é de fundamental importância, principalmente o dos pais.
A interação dos pais com seus filhos irá contribuir para um bom relacionamento por toda vida. Portanto, adultos, deixem fluir a criança que está dentro de cada um e compartilhem dos melhores momentos da infância de seus filhos, brincando com eles. Não tenham medo de serem crianças também, mesmo que por alguns minutos ou quem sabe horas.
Danilo Rocha
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Hospital Agnus Dei (71) 3641-8250
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