Clara Sena: ela quebrou barreiras, e representou as mulheres na política catuense
A ex-vereadora Clara Sena desconstruiu padrões, e representou por 8 anos as mulheres na política catuense.
O ditado popular diz: “lugar de mulher é onde ela quiser.” Clara Sena fez disso um mandamento a ser seguido com afinco. De família de classe média, a menina com cara de boneca, tirou o salto alto, calçou sapatos baixo, colocou o jeans, amarrou os cabelos, e foi à luta em busca das demandas nas comunidades catuenses, ouvindo as mulheres, e se propondo a ser a voz de cada uma delas na Câmara de vereadores de Catu, mas não só das mulheres, de todos que a escolhessem.
Clara transformou a escuta em projeto de representatividade, e a jornalista de formação tornou-se vereadora por dois mandatos, candidata a deputada estadual em 2018, e abriu mão na chapa onde foi candidata a vice-prefeita, nas eleições do ano passado, para apoiar o prefeito eleito Pequeno Sales.
Clara e um eleitor 
Clara e a irmã 
Clara e o marido 
Clara Sena com a irmã e os pais.
Filha de Wilza Sena e Ricardo Grapiuna, Clara é casada com Frederico Medeiros, e tem apenas uma irmã, Anna Sena. Nasceu em Salvador e viveu em Catu-Ba por toda sua infância e adolescência.
Estudou nas escolas Dinâmica e Denise Carvalho, fez primeira comunhão com o padre Jaime: “eu desde de muito nova sempre fui muito determinada. Detesto injustiça, e me classifico como alguém muito altruísta.”
Atualmente é Diretora de Comunicação da Prefeitura Municipal de Catu-Ba, e a pauta feminina sempre presente em seu mandato, durante a sua passagem na Câmara de Vereadores, como prometido em campanha para seus eleitores.
O projeto “Femininas em Ação” foi uma das ações desenvolvidas por Clara Sena, enquanto parlamentar. Na época, além de apresentar o programa de rádio que abordava temas voltados ao empoderamento, empreendedorismo e a violência contra mulher, Clara e um grupo de voluntárias, compareciam às comunidades para tratar desses mesmos assuntos, com uma abordagem mais intimista, e falando diretamente para as mulheres.
A pauta sobre a violência, constantemente abordada nesses encontros, fez com que ela buscasse o Centro de Apoio às Mulheres Vítimas de Violência (CRAM), para ser implantado em Catu. “Apesar de 300 mil reais em emenda parlamentar do deputado Cacá Leão terem sido disponibilizados para este fim, o município estava com o nome sujo na ocasião, e não conseguiu adquirir o equipamento.” Destaca Clara.
Porque muitas mulheres se inspiram na sua garra, determinação e coragem?
“Na Câmara de Vereadores eu tenho convicção que nunca me equivoquei do debate, fui fundo propondo a CPI para investigar à Coofsaúde, tendo tido inclusive pedido de prisão assinado pelos seus colegas por tal ato.” Garante a ex-vereadora.
Outro episódio que ficou marcado na história da Câmara foi a participação de Clara Sena, única mulher naquele mandato, durante a sessão onde seria votado o impeachment do presidente da Câmara. Apesar da maioria dos parlamentares terem faltado a sessão, Clara não se furtou da sua obrigação e disse não se trocar por nenhum deles. O bordão “sou mais macho que muito homem” com a foto da então vereadora, reverberou durante alguns dias na cidade, em demonstração à sua luta pelo que considera correto.
Com uma trajetória marcada por inúmeros desafios, Clara Sena enfatiza que também foi alvo de fake news, injúria e também difamação. Eu vi meu nome ser exposto na cidade através de uma rede social falsa, que foi criada apenas para me agredir, por ser contrária ao pedido de empréstimo para pavimentação asfáltica na antiga gestão. A página, foi criada por uma mulher, atuante na comunicação da antiga gestão, dizia que eu teria colocado silicone com dinheiro público, e questionava meu trabalho o quanto vereadora, que não andava pelas ruas da cidade para ver a pavimentação feita pelo antigo gestor.” Relembra a ex- parlamentar.
“Apesar de outros parlamentares terem sido contrários, eu fui a única a sofrer ataques, prova de que a sociedade ainda enxerga na mulher o alvo mais frágil para ser atacado.” Mas, ao que tudo indica, os ataques sofridos ao longo dos anos, parecem não tirar de Clara Sena a vontade de fazer mais e mais por Catu. E, apesar de estar fora do mandato, ela continua lutando pelos catuenses e segue acreditando no potencial do município.
Prova disso é que, durante a visita do presidente da cervejaria que deve se instalar aqui em Catu-Ba, e do superintendente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado, Deraldo Alves, ficou bastante claro a sua participação em todo esse processo da implantação da fábrica que está chegando em Catu.
“Se não fosse pela relação estabelecida por mim, junto ao deputado federal Cacá Leão e ao vice-governador João Leão, que contribuíram no processo, talvez a Indústria Baiana de Bebidas Ltda estivesse onde foi programada para estar, no município de Alagoinhas. Mas nada como uma mulher de fibra e coragem para ajudar a mudar o rumo da história.” Garante a comunicadora.
Nas redes sociais, ainda há uma expectativa que a ex-partidária do Solidariedade, e atual PP do vice-governador do estado João Leão, venha a lançar sua candidatura para deputada no próximo pleito de 2022, mas indagada pela pela Revista, ela não quis responder. Resta aos catuenses, principalmente as mulheres, esperarem para ver onde a ex- parlamentar vai se encaixar, nessa disputa pela representatividade da cidade de Catu na Assembleia Legislativa da Bahia.
