Política

PESQUISA PARANÁ: NETO E RUI COSTA LIDERAM CORRIDA ELEITORAL

Em meio a candidatos com baixo conhecimento eleitoral, ACM Neto – DEM lidera a corrida para o Palácio de Ondina e, Rui Costa – PT, ocuparia a única vaga no Senador. Pesquisa traz pontos curiosos e cenários que dificilmente ocorreriam na vida real.

O Instituto Paraná realizou em levantamento sobre as intenções de voto dos baianos para a escolha do próximo governador do estado e do ocupante da única vaga ao Senado que será disputada em 2022. Os resultados foram apresentados e trouxeram ACM Neto liderando a corrida para o Palácio de Ondina, com 49,3% das intenções de votos em primeiro turno. Mantendo a vantagem em um possível segundo turno, onde chegaria a 56,5% contra Wagner – PT que teria 25,8%. Já para a vaga na Câmara Alta, mais conhecida atualmente como Senado, a liderança, segundo a pesquisa, é do governador Rui Costa, que desponta com 45,5% das intenções de voto.
Até aí, tudo bem. Para o observador menos atento e desacostumados com as sutilezas que envolvem a disputa eleitoral, principalmente as pesquisas, os dados e números estão dentro do esperado e, até apresentam uma certa lógica. Afina, tanto ACM Neto – DEM, quanto Rui Costa – PT possuem uma alta exposição nos cenários estadual e nacional. Todos conhecem seus predicados. Neto, até três meses atrás era prefeito de Salvador em segundo mandato. Rui Costa é governador da Bahia, também em segundo mandato. Mas, é justamente aí que começam as discrepâncias que colocam sob suspeita os tais números.


Adianto que não se trata de fraude ou qualquer tipo de comportamento desonesto por parte do Instituto, que é o mais competente da atualidade em terras brasileira. Deixando no chinelo o Datafolha e o falecido Ibope. A pesquisa traz cenários que são improváveis no mundo real. Essa improbabilidade afeta seu resultado.


Detalhando
O que mais pode afetar um resultado de qualquer pesquisa eleitoral é o nível de conhecimento dos candidatos. Ou seja, quanto mais conhecido for um candidato, mais lembrado ele será e, consequentemente suas qualidades os defeitos também serão lembrando. O problema da pesquisa que coloca Neto e Rui como favoritos reside no fato primário de concorrerem com candidatos que, em um cenário real, jamais serão cogitados e, que possuem um nível de conhecimento imensamente menor do que os dois principais candidatos. Ou seja, Neto e Rui na pesquisa Paraná disputaram preferência com nomes que são desconhecidos da grande maioria da eleitoral e que, dificilmente, serão candidatos aos cargos que a pesquisa sugere que disputarão.


No levantamento para disputada cadeira executiva do estado, Neto disputa diretamente com Wagner, ambos têm alto grau de exposição e são conhecidos do eleitorado por seus erros e acertos administrativos. Todavia, os demais candidatos são inexpressivos do ponto de vista de conhecimento pelo eleitorado. Na realidade, a colocação de nomes como o da Dra. Raissa Soares e do vereador Alexandre Aleluia, tentam emular que esses seriam candidatos e seriam apoiados pelo presidente Bolsonaro. Porém, os nomes são desconhecidos por grande parte do eleitorado baiano e, a prova disso é que na mesma pesquisa, Bolsonaro aparece com aproximadamente 25% das intenções de votos, em todos os cenários. O que demonstra uma consolidação do eleitorado em um estado dominado por forças antagonistas, e os dois candidatos a governador não somam 5%. Ou seja, nem mesmo o eleitor de Bolsonaro reconhece os nomes como atrelados ao presidente. Os demais nomes que aparecem na pesquisa seguem o mesmo nível de desconhecimento, com exceção de João Leão-PP e Otto Alencar-PSD. Porém, todos sabemos que os dois pertencem a partidos que vivem à sombra do PT. Portanto, não possuem posicionamento de oposição. Logo, sem o apoio do atual governador, tem suas chances reduzidas no jogo, uma vez que disputam o mesmo eleitorado.
No que tange ao Senado, a coisa é ainda mais absurda. ACM Neto – DEM, candidato que lidera a corrida para governador, segundo a pesquisa, não tem nenhum nome ligado diretamente a ele na corrida para o Senado, a não ser que Rui Costa-PT seja esse nome. Todos sabem que, as campanhas majoritárias são montadas com um candidato a governador em ou dois a senador. Sabem ainda que, historicamente, os votos para governador estão sempre “casados” como os votos para o Senado. Nessa pesquisa, Rui Costa lidera, sendo bom lembra que para ser candidato ao Senado, precisa renunciar com seis meses de antecedência da eleição ( art. 14, § 6º, da Constituição; art. 1º, § 1º, da LC nº 64/90) , e os nomes que concorrem contra ele seguem a mesma lógica do desconhecimento eleitoral. Ou seja, a escolha dos nomes – geralmente feita por que encomenda a pesquisa – favorece o governador de forma descarada.


Portanto, embora esteja estatisticamente correta, a pesquisa Paraná aborda cenários que só o papel aceita tudo. Traz como candidatos personagens que, na vida real, dificilmente estarão na disputa e aventa possibilidades que, embora possíveis, modificam drasticamente a composição do equilíbrio de forças políticas locais. Ora, vejamos; se Rui Costa desejar ser candidato a senador, de renunciar seis meses antes do pleito. Assumiria o vice-governador, João Leão que segundo a pesquisa é candidato a governador com 2,5% das intenções de votos e tem o filho, deputado federal Cacá Leão-PP como candidato ao senado, ostentando pífios 4,2%. Na pesquisa, o deputado abrira mão de sua possível reeleição como legislador federal para perder a eleição ao senado. Só no papel.
Desnecessário dizer que, a renúncia de Rui Costa afetaria diretamente a possibilidade de eleição e reeleição da bancada petista na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. De posse do poder estadual, qual seria o comportamento de João Leão?
Embora os números, repito, sejam coerentes estatisticamente, se assemelham a uma pesca no aquário, onde a vantagem é toda do pescador. Sendo os peixes, mero coadjuvantes. Na vida real, na disputa do vota, a mecânica de composição de chapas é totalmente diferente. Ainda que se pretenda iludir o eleitor nesse primeiro momento, a teoria será destroçada pela prática.

Por Jorge Andrade