O mundo mudou e a Ford não quer ficar para trás
Com as mudanças econômicas e novas tecnologias ascendentes no mercado, a FORD quer agora se repaginar para alçar voos mais altos economicamente falando seguindo as tendências mercadológicas em amplos sentidos.
A mudança nas expectativas de consumo e as novas tecnologias que tomam conta do mercado automotivo, impulsionaram as mudanças na Ford e, para surpresa de ninguém, ela não será a única.
No dia 26 de abril de 2018, em longa matéria publicada na rede norte-americana NBC News, Jim Hackett, então COE da Ford, listou os motivos que levaram a empresa a iniciar o redesenho de suas atividades globais. Na ocasião, acossada pela concorrência das montadoras asiáticas, a Ford já sentia um forte impacto nas vendas dos modelos mais básicos da marca. Sedans e Harths já estavam encalhados nos pátios da empresa mundo a fora. Nos Estados Unidos e Canada, as SUV’s e Pick-Up da marca vendiam muito bem. Estava aberta a transição de modelo de negócio.
Presente em todo globo, onde comercializa uma linha variada de automóveis de passeio, a Ford estava pressionada pelo avanço de montadoras que produzem a custo reduzido em países orientais, tais como China, Coreia e Japão, onde a mão de obra é extremamente farta e pouco valorizada. Como se não fosse suficiente, de 2018 até 2020, houve a ascensão dos carros elétricos e autônomos. Plataformas onde a Ford ainda pode se considerar iniciante. Foi a gota d’água que tornou imprescindível a reformulação da linha de produção de uma das maiores montadoras do mundo.
Naquela ocasião, a Ford tinha em mente a priorização da montagem de SUV’s e de um único modelo de passeio, o Mustang Agora confirmados como as únicas apostas da empresa e passaram a ser ofertados de modo global. Os demais modelos de passeio e carros populares saem do portfólio de produtos da empresa. É nesse contexto que se enquadra o fechamento das fábricas da Ford no Brasil. Nada tendo haver com questões políticas ou econômicas.
Trata-se de uma decisão tomada em 2018 visando tornar a empresa mais competitiva em mercados onde vem perdendo espaço ano após ano, e consolidar sua posição em outras praças onde vende bem, mas é ameaçada pelo avanço de novas tecnologias de fabricação automotiva.
Ainda no mesmo contexto, o fechamento das plantas localizadas no Brasil é acompanhado pelo anúncio da ida da empresa para terras argentinas. Isso se dá pelo fato do país vizinho está em visível esfacelamento da economia, situação que, dentre outras coisas, oferecem a possibilidade de gordos fomentos fiscais e de um número incontável de trabalhadores que custarão o mínimo possível para a Ford. Junta-se a isso, um cenário político que beneficia a criação de legislações que favoreçam a montadora. Assim, estará a Ford montada em um país com vasta mão de obra, legislação elástica e possibilidade de isenções fiscais que reduzam ainda mais o custo de operação de produção. Qualquer outra justificativa é meramente exercício de mentes ideológicas e oportunistas ou de indivíduos pouco informados.
Sobra para o Brasil uma grande lição. Os mercados estão mudando e junto com eles mudam a forma como se encara a geração de renda e de empregos. Quando o Ford chegou em Camaçari, após uma guerra travada entre o Rui Grande do Sul e a Bahia, já se sabia que esse contrato de isenções e de cessão de terras duraria apenas 20 anos. Portanto, surpresa manifestada por governantes e legisladores é descabida. Erraram se não começaram a se preparar para esse evento e agora, como de costume, tentam lançar a culpa sobre outros.
Vale salientar que, para surpresa de ninguém, a Ford pode não ser a única empresa automotiva a estar mudando seu foco de produção. A chega de novas tecnologias e a crescente dos carros elétricos e autônomos, forçarão as montadoras a se readequarem, sob pena de ficarem para trás. Assim, senhores mandatários de plantão, atentem-se para a inexorável movimentação do futuro e, como já disse ao poeta, “o novo sempre vem”. Portanto, movam-se!