Reabertura de Sauipe: “queremos nos posicionar”
Entrevista com Flavio Monteiro, diretor de Operações da Aviva
Com rígidos protocolos de segurança e de acordo com os melhores empreendimentos de turismo do mundo, a Costa do Sauipe reabriu nessa sexta-feira. Para a reabertura, o resort ajustou suas atividades para receber as famílias de acordo com as normas dos órgãos responsáveis, terá capacidade reduzida e inferior a 50% de ocupação para garantir a segurança dos clientes e colaboradores. Neste primeiro final de semana, o complexo hoteleiro com 1,5 mil quartos, terá apenas 60 com hóspedes. Para o diretor de operações da Aviva, Flavio Monteiro, o momento não é de se preocupar com rentabilidade, mas de dar uma recado: “Nós acreditamos no Turismo e acreditamos nos nossos destinos”. Flávio Monteiro é formado em publicidade, propaganda e marketing pela Fundação Cásper Libero e tem 20 anos de mercado.
Como estão os preparativos para esta retomada?
Nós estamos muito confiante neste retorno. É uma retomada pequena, porque ela precisa ser segura, tanto para os nossos associados, quanto para os nossos clientes. A gente tem bastante consciência do ambiente externo, que não é favorável mundialmente, mas achamos que precisamos ter essa atitude confiante, responsável e corajosa. Faz uma semana que reiniciamos em Rio Quente, Goiás.
Como está sendo este processo lá?
Foi um sucesso. A alegria dos nossos clientes foi realmente impressionante. Temos recebido muitos contatos deles, externando a saudade e a vontade de estar em nossos hotéis e parques. Foi uma alegria. Confesso, sendo um pouco indiscreto, que eu estava preocupado com o comportamento dos clientes, porque a gente vê nos noticiários problemas com o uso de máscaras, desrespeito aos protocolos, mas as pessoas voltaram muito conscientes. Em Rio Quente, a grande celebração foi a possibilidade de sair de casa, estando em um ambiente seguro, estar em contato com a natureza. Lá tem a possibilidade de usufruir das águas quentes naturais. Foi um momento muito bonito, de reencontro das famílias e com os nossos. Nesta sexta-feira é a vez de Sauipe.
Como foram esses três meses em Sauipe?
Está tudo muito bonito, nós cuidamos por quase três meses, mesmo fechado. Eu fiquei neste período aqui, cuidando dos hotéis. Como vocês baianos dizem, a gente gosta de ver a zoada e ver Sauipe silencioso e fechado é muito triste. Não apenas pelo negócio, mas pelo que este silêncio simboliza neste contexto que estamos vivendo. Tivemos a oportunidade de cuidar muito bem e vamos reabrir com bastante segurança.
Como foi a decisão de fechar um complexo tão grande?
Fechar Sauipe ainda que temporariamente significou para a Aviva adiar nossa vocação, que é fazer as famílias felizes. Foi difícil demais, eu reconheço. Infelizmente, o turismo foi um dos segmentos econômicos mais afetados. Houve um grande baque, não conseguimos manter todo o nosso quadro de funcionários e temos muita confiança de que voltaremos a crescer e vamos conseguir chamar de volta aqueles que não estão aqui com a gente. Foi um desafio muito grande, porque é uma estrutura gigantesca. Só para ter ideia, mesmo com o hotel fechado, mantivemos mais de 200 pessoas para cuidar da estrutura. Estamos ao lado da praia, a maresia é muito pesada. Tínhamos que manter a estrutura para poder reabrir agora. As camareiras abriam os apartamentos todos os dias, deixando os móveis e a estrutura respirarem. Houve todo um trabalho de manutenção e, inclusive, de segurança.
O que seria esse “retorno pequeno” falado por você?
Eu estou desde março tendo reuniões com a equipe de epidemiologia da Faculdade de Medicina da USP e do Incor, redesenhando os nossos processos para garantir a segurança dos nossos funcionários e dos clientes. Depois desse tempo todo, eu sei tudo sobre protocolos. A equipe que nos assessorou é fabulosa, com profissionais muito capacitados, que redesenharam todo o nosso protocolo. Por que nós vamos reabrir pequeno? Porque existe uma demanda que é muito pequena ainda. Existem poucos voos para Salvador, mas temos um clube de férias, o Aviva Vaccacion Club, temos um índice grande de fidelidade e tem clientes que estão só esperando a situação melhorar. Nós estamos oferecendo a eles segurança e tomamos uma decisão corajosa de, na hora em que a situação permitir, vamos reabrir pequeno.
Essa é uma decisão baseada em demanda ou um posicionamento de mercado?
Ninguém pensa em rentabilidade neste momento. Imagina Sauipe com 1,5 mil apartamentos com 60 apartamentos no domingo, é uma questão de posicionamento. Acreditamos no turismo brasileiro, acreditamos nas localizações em que estamos e sabemos que os clientes estão buscando o que temos aqui, espaços abertos, natureza e a oportunidade de sair de casa com toda a segurança.
Como a Bahia está neste contexto de retomada?
A Bahia tem uma dificuldade adicional. A grande maioria dos nossos clientes vem de outros estados, então precisamos da malha aérea e por uma série de motivos não estão oferecendo segurança, tanto pelas condições das companhias, quanto pela questão da demanda mesmo. Mas nós acreditamos demais no mercado regional. Tem muita gente em Salvador e em Sergipe querendo passar um final de semana num lugar seguro.
Vocês tinham uma série de investimentos em curso, como reformas de hotéis e a implantação de um Hot Park. Como ficam esses planos?
Aproveitando que estamos falando em parques aquáticos, queria destacar que fomos eleitos como um dos 10 melhores parques aquáticos do mundo e o terceiro da América Latina (pela Themed Entertainment Association – TEA/AECOM). Isso nos dá muita alegria e certeza de que fazemos bem nosso trabalho e do plano de ter mais produtos como este. Claro que diante dessa crise mundial, não posso dizer que nada alterou. O propósito e a estratégia da Aviva continuam os mesmos, só precisamos reposicionar em nossa cronograma. Retomar a confiança do nosso cliente, com todos os protocolos que nós implantamos é a nossa prioridade máxima. Cordialidade, alegria e gentileza continuam, mas com toda a segurança.
Vocês passaram este período com 200 pessoas no quadro, como fica agora com a reabertura?
Vai aumentar. A partir de agora, muita gente volta à ativa, garçons, piscineiros, segurança e boa parte do quadro. Vamos ficar com aproximadamente 700 pessoas. Você não tem ideia da alegria deles, de retornar. E nós esperamos que a retomada da atividade vai nos permitir trazer de volta os que ainda não estão conosco.
Os funcionários se sentem seguros para trabalhar?
Nós estamos com um protocolo bastante robusto. Nossos funcionários preenchem um formulário de saúde todos os dias. Modificamos uma série de processos. Nós monitoramos a saúde deles, sabemos como estão se sentindo, se tem alguém em casa com sintomas, ou mesmo na comunidade. Eles vêm trabalhar com toda a segurança necessária. Estamos seguros de estar fazendo o máximo possível.
FONTE: Correio da Bahia