Política

Campanhas de segundo turno focam em questões religiosas e desconsideram propostas

Em semana após primeiro resultados das urnas, viralizaram vídeos antigos de Bolsonaro na maçonaria e imagens manipuladas de Lula em tentativa de associá-lo ao diabo.

Lula é mesmo cristão? E Bolsonaro? Foi com estas perguntas que a campanha do segundo turno presidencial começou. Daqui a menos de um mês, os brasileiros terão que escolher entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tiveram 48% e 40% dos votos no primeiro turno, respectivamente.

Viralizaram nesta semana vídeos antigos de Bolsonaro discursando a maçons. As gravações repercutiram negativamente entre cristãos que associam a maçonaria ao satanismo. Apoiador fiel do presidente, o pastor Silas Malafaia convocou uma live para explicar o vídeo — gravado durante uma campanha quando Bolsonaro ainda era deputado.

Ao mesmo tempo, voltaram a circular outros vídeos manipulados na tentativa de indicar uma relação de Lula com o diabo. Em nota publicada nas suas contas oficiais, o ex-presidente garante que ele “acredita em Deus e é cristão” e “não tem pacto nem jamais conversou com o diabo”.

Mas por que interessam tanto informações pessoais dos candidatos, tais quais as religiões que seguem? O pesquisador em comunicação política da Ufba Rodrigo Carreiro explica que o tom das campanhas seguem uma tendência revelada na última disputa presidencial — existente também nos Estados Unidos.

“Nessa campanha, ficou evidente algo que já tinha aparecido em 2018: os eleitores estão seguindo essa tendência de voto mais por questões morais do que políticas. Nas redes sociais, as pautas políticas sumiram completamente nos últimos anos”, observou. Carreiro diz que o fenômeno foi aceso por Bolsonaro que, por ser o presidente em exercício, consegue “conduzir o rumo do debate com mais força”.

Segundo o pesquisador, os políticos também partem da avaliação histórica de que falar sobre propostas não é tão eficaz no país e, por isso, seguem outras estratégias — mesmo que não seja benéfico para o povo ou para a democracia. “Há movimentos que puxam outros movimentos. Tradicionalmente, campanhas negativas são muito utilizadas porque obrigam o outro candidato a se posicionar e, para não ficar somente na defensiva, atacar. Isso tem efeito prático na população”, observou.

Fonte: Metro 1/ Foto: Reprodução/Vídeo | Ricardo Stuckert